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Arroba mais baixa em quatro anos marcou a pecuária em 2017
Notícia
Publicado em 03/01/2018

Situação econômica comprometeu o poder de compra do brasileiro e complicou a vida dos produtores

Em 2017, a média da arroba no mercado brasileiro foi a mais baixa dos últimos quatro anos. O cenário desfavorável não foi resultado apenas de fatores recentes. Em 2014, os índices de mortalidade de bezerros bateram recorde, principalmente no Sudeste. Além disso, as vacas que reproduziram não conseguiram se recuperar, o que refletiu imediatamente na oferta de bois.

“Elas não procriaram no ano seguinte ou a taxa de prenhez foi menor do que o esperado. Então, a oferta de bezerros em 2014 e 2015 e a de boi gordo para 2016 foi menor. Isso tudo explica, de certa forma, porque, mesmo o Brasil em uma recessão brutal, isso não afetou tanto o preço na época”, explica o professor e pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) Sérgio de Zen.

O especialista alerta que os valores elevados nos anos anteriores refletiram em investimentos no setor. “O produtor de boi, se ele tem dinheiro, vai reinvestir em pastagens, novas técnicas de manejo e genética”, afirma. Consequentemente, isso afetou a disponibilidade de animais em 2016.

Baixa no consumo

Com a crise econômica, o pecuarista que tanto investiu nos anos anteriores acabou se decepcionando com os preços. Segundo o analista de mercado José Vicente Ferraz, existe um fator estrutural que faz com que as cotações estejam em baixa. “Em função de um consumo reprimido, que é o problema da falta de poder aquisitivo dos consumidores, decorrente do problema econômico do país que dificilmente será superado a curto prazo”, diz.

Com o início da operação, o boi caiu 10% em uma única semana

Carne Fraca

O cenário ficou ainda mais crítico após a operação Carne Fraca, deflagrada em março pela Polícia Federal. A investigação apontou fraudes na carne vendida por pelo menos 30 empresas ao mercado nacional e internacional. Mais uma vez o mais afetado pela alta oferta de animais e a redução drástica dos abates foi o produtor.

O pecuarista Giovani Tavares relembra que três ou quatro semanas antes o ritmo já estava lento. “Com o início da operação, o boi caiu 10% em uma única semana”. Ele conta que não sabia o que fazer com os animais.

Compotamento das cotações nos dois primeiros meses da operação:

Muitos produtores acabaram não vendendo e foi, praticamente, impossível fugir do prejuízo. “Adiando o abate, ele vai ter que conservar na sua propriedade um animal que já estaria pronto. Então tem o custo financeiro além de dar ração para um animal que já não estará ganhando tanto peso. É uma ração de manutenção”, explica o pecuarista Marcelo Catherino.

Exportações

Com uma média diária de US$ 63 milhões provenientes dos embarques, o Brasil chegou a exportar apenas US$ 74 mil em um dia durante o auge da repercussão da Carne Fraca. Em pouco tempo a maioria dos países retomou as exportações com a cobrança por uma fiscalização mais rigorosa.

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No segundo semestre, as vendas ao mercado externo se estabilizaram e as exportações cresceram 5% na comparação com o mesmo período de 2016. A menor oferta, comum na entressafra, fez com que o produtor conseguisse um pouco mais pela arroba do boi.

“Nesse período o pecuarista fica obrigado a ajustar seu rebanho à capacidade de suporte por causa das pastagens, que ficam prejudicadas por causa do frio e da redução das chuvas”, explica Ferraz, dizendo que essa calibração pressiona os preços para baixo.

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O que vem por aí

Para 2018, o principal desafio para a cadeia pecuária continua sendo o mercado interno, maior consumidor da carne produzida no Brasil.

Fonte: Canal Rural

 

 

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