O manejo para eliminar as invasoras pode aumentar o custo de produção em quase R$ 150 por hectare
O capim amargoso e a buva, ambas plantas daninhas, estão presentes em metade das lavouras de soja do Brasil, de acordo com o professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP) Pedro Christoffoleti. Ele explica que "uma característica biológica importante dessas plantas é a sua alta produção de semente e dispersibilidade. A buva, por exemplo, produz de 200 a 300 mil sementes".
O manejo para eliminar as invasoras pode aumentar o custo de produção em quase R$ 150 por hectare. O amargoso chegou à lavoura de milho do Antônio Marcos Padoveze, em Santa Bárbara d'Oeste, no interior de São paulo, e já causa preocupação. Em parte da área, a planta invasora ficou parada no inverno, porque o atraso na colheita de verão também retardou o plantio seguinte.
Segundo Padoveze, o amargoso está mostrando certa resistência ao controle, mas ele acredita que conseguirá controlar a planta invasora com a próxima aplicação de herbicida na área que foi semeada há cerca de um mês. "Está um pouco atrasado devido ao clima, que vinha muito seco. Agora, com a chuva, a programação dos próximos dias é a gente realizar a aplicação", conta.
O capim amargoso e a buva são duas das plantas que vem ganhando resistência ao herbicida glifosato. Segundo Christoffoleti, a resistência é uma característica adquirida pela planta em função do processo de pressão de seleção. “Com aplicação e uso intensivos da tecnologia, essas plantas, que eram secundárias, passaram a ser predominantes na área. Hoje, o produtor não consegue apenas com a prática de um único herbicida controlá-las. Para isso, ele precisa inovar e usar outras tecnologias”, explica.
As plantas daninhas que resistem ao glifosato desde o seu lançamento são chamadas de tolerantes. “Não são resistentes porque elas não passaram por um processo de seleção”, esclarece o professor.
Christoffoleti chama atenção dizendo que o controle das invasoras começa antes mesmo delas aparecerem. “Quando o produtor vai fazer a dessecação, um dos pontos primordiais é que ela seja bem feita, para que estabelecer a cultura no limpo. Se ele deixar estas plantas tolerantes, elas vão interferir no processo de desenvolvimento da soja”, diz.
A rotação de culturas e de princípios ativos dos defensivos são as principais dicas para combater as plantas tolerantes e resistentes ao glifosato. “O produtor deve associar ao glifosato outros herbicidas, por exemplo o ácido 2,4-diclorofenoxiacético (2,4-D), que é um produto que controla ambas as ervas. Os herbicidas à base de inibição da enzima protoporfirinogênio oxidase (Protox) ou da acetolactato sintase (ALS) são bastante efetivos nesse processo. Essas são as três categorias de produtos que ele pode associar ao glifosato e conseguir um bom controle destas plantas daninhas no processo de dessecação”, recomenda.
Fonte: Canal rural