Médico veterinário fala sobre as exigências e cuidados na hora de vacinar o rebanho e prevenir o surgimento de uma doença que pode prejudicar a cadeia produtiva e a saúde pública
Para evitar problemas na carne, a aplicação correta de vacinas tem sido amplamente discutida nos últimos dias e não tem sido diferente quando o assunto é a prevenção da brucelose, uma das doenças mais graves da pecuária. A equipe do jornal da pecuária foi até um centro veterinário para mostrar os procedimentos corretos na hora de aplicar a vacina.
A doença contagiosa é transmitida principalmente via bocas e narinas. A mucosa ocular e lesões de pele também são portas de entrada da bactéria que atinge os sistemas reprodutivos dos machos e das fêmeas.
“A maior incidência é nas fêmeas, onde a bactéria começa a provocar morte celular no sistema reprodutivo e, no terço final da gestação, ocorre o aborto. Essa é a principal rotina na clínica de bovinos”, disse o médico veterinário Henrique Scomparin Guardia.
Nos machos, segundo o veterinário, a bactéria costuma se instalar na cauda do epidímio, que é onde se armazena o espermatozoide, deixando o animal com problemas reprodutivos e taixa de prenhez baixa, podendo gerar também inchaço nos testículos.
A doença não tem cura e pode ser transmitida ao ser humano e causar infertilidade em homens e mulheres. A contaminação se dá pela ingestão de leite cru e derivados fabricados com matéria-prima de animais doentes, ou no contato com o gado infectado, esteja ele vivo ou morto.
A doença é tão grave, que 75% de um rebanho pode ser perdido caso exista algum foco de contaminação. Por esse motivo, a vacinação é obrigatória e precisa ser comprovada com um atestado emitido por um veterinário habilitado e cadastrado no Ministério da Agricultura, além de uma marcação do lado esquerdo do rosto dos animais de produção.
A prevenção é feita em uma dose única de 2 ml por animal e pode ser aplicada com seringa descartável ou revólver de vacinação, somente em fêmeas. No mercado, existem dois tipos de vacinas, sendo que uma delas é a B 19 e a outra é a RB 51, que custam entre R$ 1,50 e R$ 3,00 a dose.
Apesar do potencial de prevenção, a vacina por si só não é garantia de imunização. Por isso, é necessário fazer também os exames periódicos na idade de reprodução, que começa aos 24 meses de vida. Caso algum animal esteja contaminado, a recomendação é pelo abate imediato.
“Esses animais terão que ser notificados no escritório de Defesa Animal marcados com a marca P do lado esquerdo da cara confirmando que é positivo e automaticamente descartado do rebanho”, disse o veterinário.
Fonte: Canal Rural