Segundo ele, alguns setores do Agro foram mais impactados. O transporte de produtos e mercadorias produzidas no Estado mantém o fluxo, porém com limitações por conta das restrições impostas pelo decreto de isolamento aos pequenos comércios do setor varejista.
Devido à proibição de aglomerações em todo o território catarinense, as tradicionais feiras agropecuárias também foram suspensas. Estavam previstas 52 só para os meses de março, abril e maio no Estado – 106 no ano. Em âmbito local, a suspensão das feiras estancou a comercialização da agricultura familiar, forte no Estado, e em nível estadual comprometeu boa parte da venda da pecuária de corte. Sem as feiras e leilões, grande parte dos terneiros ficou retida nas fazendas de Santa Catarina a espera de comercialização, justamente no período de maior demanda, que ocorre nos meses citados.
Para minimizar os efeitos, a Faesc conseguiu com o Governo do Estado a liberação da comercialização via leilões virtuais, experiência pioneira em Santa Catarina. De acordo com Pedrozo, os sindicatos de todo o Estado estão se preparando para a novidade para tentar reparar as perdas.Os leilões seguirão regras do setor da saúde estadual e federal, sem a presença de público. Também haverá a venda direta nas propriedades, com a presença apenas dos compradores. É uma experiência nova, não sabemos como vai ser ainda porque não temos essa cultura aqui no Estado, mas esperamos que em abril e maio possamos reparar um pouco esta expectativa negativa que tínhamos neste setor”, ressalta Pedrozo ao destacar a preocupação e a expectativa da Faesc.
“Dizer que não tivemos prejuízos é faltar com a verdade, até porque houve paralisação abrupta do fluxo do comércio em todos os setores, em todo o mundo. A preocupação existe e a expectativa é que nós tenhamos, paulatinamente, em Santa Catarina, a abertura de novos comércios”.
O presidente da Faesc também destaca que a pandemia está provocando mudanças na rotina dos produtores rurais e da indústria, que assim como todos os brasileiros, aumentaram o rigor das medidas preventivas e protetivas na saúde.
“Temos que reconhecer que assim como ocorreu em outros setores, indústria e comércio por exemplo, o setor da agricultura também está sentindo o revés dessa situação no mundo todo. Mas, podemos afirmar com tranquilidade que o agronegócio catarinense mantém o fluxo da atividade”, afirma Pedrozo.
DEMAIS SETORES
A estiagem é no momento a maior preocupação do Estado. A falta de chuva já reduziu em 20% a produção de leite em Santa Catarina, segundo dados e informações fornecidas pelas próprias agroindústrias do setor.
A colheita de grãos já está no final, com produção fluindo dentro da normalidade. Apesar dos reflexos da estiagem, o setor de grãos está sendo beneficiado pelos preços vigentes, principalmente do milho e da soja, produtos de exportação alavancados pelo dólar acima dos R$ 5,00.
O presidente da Faesc destaca que não há escassez de insumos agrícolas no Estado, nem descontrole de preços. Informa também que flui dentro da normalidade o abastecimento de produtos como sementes, fertilizantes, vacinas, corretivos de solo, genética e rações.
MEDIDAS ANUNCIADAS NO ESTADO
O presidente da Faesc também analisou as medidas anunciadas nesta semana pelo Governo do Estado para auxiliar os produtores rurais diante das crises da pandemia e da estiagem. Os anúncios incluem a criação de um Projeto Especial para financiamento de até R$30 mil para custeio ou capital de giro de agricultores familiares e pescadores, com cinco anos de prazo para pagamento sem juros.
Outra medida prevê o investimento de R$ 1,5 milhão, via Fundo de Desenvolvimento Rural (FDR), para subvenção aos juros de financiamentos adquiridos por agricultores e pescadores com CNPJ, num limite de 2,5% ao ano. Os financiamentos terão limite de R$ 100 mil, com até 48 meses para pagar e 18 meses de carência. Os agricultores adimplentes que têm financiamento junto ao FDR também poderão prorrogar as parcelas de março, abril, maio ou junho para até 3 de agosto.
“São medidas para a agricultura familiar e para os produtores que têm Pronaf. Elas vêm em boa hora para nosso Estado que tem uma característica especial de pequenas propriedades e são de grande utilidade aos produtores que precisam”, analisa Pedrozo.