Expansão dessa categoria de defensivos no país foi tema do programa Direto ao Ponto deste domingo, 8, que também debateu o uso racional de pesticidas químicos
A produção de biodefensivos para controle de pragas e doenças na lavoura é uma realidade no país, apesar de quase 50% dos agricultores brasileiros ainda desconhecerem esse tipo de produto. O uso dos defensivos biológicos na agricultura brasileira e como a utilização racional de pesticidas químicos foram os temas debatidos durante o programa Direto ao Ponto deste domingo, 8, pela diretora-executiva de Defensivos Biológicos da CropLife Brasil, Amália Borsari, e o deputado federal Zé Silva (Solidariedade-MG).
Pesquisa da Associação Brasileira das Empresas de Controle Biológico (ABCBio) realizada entre 2017 e 2018 mostrou que 39% dos produtores rurais no Brasil já utilizam este tipo de manejo em alguma área de plantio. Dos que já adotaram os produtos biológicos em suas lavouras, a maioria considera o controle biológico eficiente e seguro. No entanto, ainda existe pouca informação disseminada sobre os produtos biológicos em território nacional, pontua Amália Borsari.
“Constatamos que 43% dos produtores brasileiros nunca ouviram falar o que é um biodefensivo, um biológico para controle de pragas. Ainda falta informação para o agricultor poder trabalhar com essa tecnologia”, afirmou.
Nessa linha, a dirigente da Croplife Brasil destaca que é necessário quebrar uma questão cultural entre os agricultores que estão mais habituados a combater pragas a partir do uso de pesticidas químicos. Segundo ela, esse é um dos desafios da Croplife, que é resultado da união de várias entidades ligadas ao agro com a finalidade de fomentar a inovação e o uso de novas tecnologias nas lavouras brasileiras.
“Já montamos uma equipe, uma diretoria, e por meio de ações de educação vamos trabalhar com agricultura digital e monitoramento para promovermos as boas práticas agrícolas”, informou.
Já o deputado Zé Silva lembrou que o Brasil criou, ainda na década de 1940, uma rede de assistência técnica que durante a década de 1990 perdeu força e deixou o país atualmente muito carente de extensão rural. “É preciso investir na Embrapa, nas empresas estaduais de pesquisa, só assim o conhecimento vai poder chegar aos produtores rurais”, opinou.
Mercado em expansão
Outro ponto levantado pela diretora executiva da CropLife é o crescimento do mercado de biológicos no Brasil. A produção de biodefensivos para controle de pragas e doenças agrícolas cresceu 77% no último ano no país, de acordo com informações da ABCBio. Segundo Amália Borsari, o aumento no mercado brasileiro desse tipo de manejo acontece pela tecnologia e segurança que existem no processo. “O biológico passa por todos os requisitos regulatórios, depois de vários testes é que o produto é liberado. Então o biológico é seguro”.
Ela explica que o Brasil tem uma peculiaridade em relação a outros países, por conta do clima tropical, e que isso dificulta a rápida disseminação dos produtos biológicos, mas garantiu que o país tem condições de vencer com excelência o desafio de desenvolver um modelo de controle biológico específico para região. “O Brasil é modelo na tropicalização dessas tecnologias, porque o controle de biológico é muito utilizado aqui”, disse.
Uso racional
Em outra frente, os convidados também debateram o uso racional de pesticidas químicos. Essa é uma das bandeiras defendidas pelo deputado Zé Silva. “Nenhum produtor rural quer usar pesticida, eu defendo o uso quando necessário, com segurança, com mais sustentabilidade”, afirmou. O parlamentar, que é engenheiro agrônomo e extensionista, esclarece a principal diferença entre o pesticida químico e o biológico. “A diferença é que com o biológico eu consigo manter muito mais o ciclo da vida, o bem da natureza”, disse.
No Congresso Nacional, Zé Silva, que é integrante da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), apresentou um manifesto pela redução do uso de pesticidas no Brasil. No documento, o deputado destacou a importância de medidas na legislação brasileira em consonância com políticas públicas efetivas.
Os convidados também debateram projetos de lei que tramitam no Congresso e têm como objetivo controlar a produção, comercialização e prescrição de uso agrícola de pesticidas. Um deles é o PL 5.583/2019 de autoria do próprio Zé Silva, que propõe implantar o plataforma de receituário agronômico para possibilitar o monitoramento do uso de pesticidas com quantidade, local e tipo de produto. O projeto tramita na Câmara dos Deputados.
Fonte: Canal Rural