Hugo Shimada admite que o custo de produção da cultura é alto, mas resolveu plantar 3,5 hectares do fruto um ano e meio atrás
Tentando inovar na atuação da empresa, que já tem plantio de cenoura, beterraba, alho e repolho, o agricultor Hugo Shimada decidiu investir no cultivo do mirtilo, em São Gotardo, na região de Alto Paranaíba, em Minas Gerais. Neste mês, ele faz a primeira colheita do fruto, também conhecido como blueberry.
Como é a primeira safra, o agricultor diz que ainda não colocou os valores “na ponta do lápis”, mas garante que o investimento é alto. “Deve ser algo em torno do custo do alho, que é por volta de R$ 120 mil por hectare. Ainda não dá para afirmar, mas deve ser desse valor para mais”, explica, ao calcular o valor de venda em R$ 60 cada 12 potes de 125 gramas.
O alto custo, segundo Shimada, tem a ver com diversos fatores, como a importação das sementes e o investimento em câmaras de resfriamento para armazenar os frutos. Além disso, o plantio é feito em bags individuais pela delicadeza da planta, que dá frutos de forma irregular, exigindo várias colheitas seletivas manuais para retirar apenas os frutos maduros.
Pequeno, roxo e doce, quando maduro, o mirtilo exige clima temperado, com temperaturas entre amenas e frias para o amadurecimento. O fruto é originário dos Estados Unidos. Na América do Sul, tem presença majoritária no Chile, Argentina e Uruguai. Ao perceber as semelhanças geográficas com São Gotardo (MG), Hugo Shimada plantou de 3,5 hectares há um ano e meio.
“São 10 mil plantas por hectare, colhendo 0,5 quilo de blueberry por planta”, estima. Nesta primeira safra, ele prevê 17.500 quilos. Depois do colhido, o fruto é armazenado diretamente em câmara fria para não perder o shelf life (validade) e ser entregue in natura para um atacadista na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo (Ceagesp), na capital paulista.
A empresa que recebe o mirtilo plantado por Hugo Shimada trabalha também com amora, ameixa e framboesa. E está acostumada com esse tipo de fruta. Exatamente por este conhecimento de mercado, Hugo Shimada explica que o parceiro ajuda no controle de qualidade do mirtilo nacional.
“Pelo que nos falaram, teoricamente, a gente tem mais competitividade por causa do frescor do produto, uma vez que temos o contêiner de resfriamento e proximidade com o consumidor final”, diz ele.
Segundo o agricultor, o mirtilo tem caído no gosto do brasileiro, que tem poder de compra. Apesar da maior procura, a postura dele é cautelosa. Vai avaliar a demanda antes de decidir por qualquer expansão da área, principalmente por se tratar de um cultivo de alto investimento. Mas o empresário já projeta: “A gente quer fazer [o fruto] orgânico, mas até o pé criar uma certa estrutura nós estamos usando a fertirrigação.”
Fonte: Revista Globo Rural