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Lesmas invadem lavouras em MT e causam prejuízo superior a 700 sacas
Notícia
Publicado em 20/11/2019

Segundo produtores, por falta de agroquímicos para controle e predadores naturais, infestação cresce e traz preocupação; praga come toda a planta em estádio inicial vegetativo

Em Mato Grosso, o ataque de lesmas nas lavouras de soja tem causado preocupação e prejuízos aos agricultores. A falta de um produto para combater a praga é apontada como um dos motivos para alta infestação no estado.

A movimentação do molusco pode até ser lenta, mas na hora da refeição ele é ágil e eficaz. Por onde passa deixa um rastro de devastação. A lesma tem hábitos noturnos, por isso, durante o dia, usa as fendas do solo e a palhada do milho e da braquiária para se abrigar.

“Ela costuma atacar nos estádios iniciais da planta, pois o caule está mais macio e os cotilédones mais expostos. Isso facilita e o que tiver na frente, ela come. Se deixar, come a planta toda. Por isso é sempre bom ficar monitorando, batendo em cima para que o dano não seja maior. Se deixar, ela toma conta do talhão inteiro”, afirma o agrônomo Matheus Rosseto.

O gerente técnico César Gilioli até seguiu as recomendações e fez o monitoramento nos 2.700 hectares de soja na fazenda onde trabalha. Mesmo assim não conseguiu evitar o ataque das lesmas. As enormes falhas deixadas em um talhão de 360 hectares mostram o estrago que a praga é capaz de causar. Segundo o gerente, a infestação neste ano foi maior e o prejuízo ultrapassa 700 sacas de soja.

“Limpamos e ficou só a terra e a palha. O lugar que tinha soja ficou zerada. Replantio não dá porque já estava com flor. Perdeu, não tem o que fazer, só calcular os prejuízos e esperar para a próxima. Nessa área chegamos a contar até nove lesmas por metro. Ovos por todo lado. Só sobrou o prejuízo”, diz Gilioli.

A área de soja de outra fazenda também foi atacada e segue infestada por lesmas. Em estado de alerta, o gerente afirma que tem dificuldade para controlar a praga porque não tem à disposição um produto específico com princípio ativo eficaz para combatê-la.

“Estamos fazendo uma aplicação de cobertura com potássio que, acredito, deve amenizar a pressão das pragas por ser bem salino. A multiplicação é rápida, não vemos um ou dois ovos, são centenas de ovos. Estimo um prejuízo de 15% nesta safra”, conta o gerente técnico da fazenda, Vanderlei Alves da Conceição.

Segundo o diretor da Aprosoja-MT, Lucas Beber, o surgimento de lesmas está aumentando a cada ano, assim como os prejuízos para combater a praga e na produtividade.

“A gente tem verificado nas lavouras uma grande pressão e o difícil controle. A gente vê que está aumentando todo ano nas áreas e os produtores têm registrado perdas muito grandes. Em alguns talhões, os agricultores terão que buscar alternativas de outra cultura para plantar. Será necessário uma pesquisa para achar substitutos para a soja e o milho ou simplesmente os produtores terão que abandonar a área”, conta.

Segundo Mateucci, o ciclo de vida de uma lesma consiste em três fases: ovo, adulto imaturo e adulto. Sendo assim, quando os ovos eclodem, a fase imatura dura menos de um ano e os adultos podem viver por até dois anos, além da capacidade de produzir mais de 400 ovos por ano. A praga gosta de solos úmidos, com bastante matéria orgânica e, segundo ele, não há registro de inimigo natural ou produto químico com princípio ativo eficaz liberado.

“Alguns produtores comentam de uma formiguinha vermelha como inimigo natural, mas não há relatos que comprovem que seja um inimigo mesmo. Isso acaba prejudicando pois não há uma forma de controle”, diz.

Segundo o diretor da Aprosoja, existe um produto chamado “ferramol” que tem registro. Porém os agricultores que o usam afirmam a pouca eficiência no controle das lesmas. Ele ainda comenta de outro produto, mas que não possui registro e portanto, não se pode usar.

“O metaldeído tem sido mais eficaz. O problema é que ele não tem registro para a agricultura, o registro foi negado duas vezes pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Cobramos a entidade, que nos respondeu que os faltou dados. Agora, a Anvisa está realizando os testes e a gente espera que no início do ano saia o registro”, afirma Beber.

Fonte: Canal Rural

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