Região faz chamada para atrair empreendedores interessados em inovar o agronegócio local
O Matopiba está entrando com o pé direito no mundo da inovação. A região, considerada nova fronteira agrícola do Brasil e que abrange os Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, acaba de ganhar a primeira aceleradora de startups. A Cyklo, como é chamada a aceleradora, começa com um caixa de R$ 5 milhões para investir em novos negócios. O edital será divulgado nesta sexta-feira (4/10) na rede social da empresa e pretende atrair empreendedores do agronegocio. Após a fase de selação, dez startups serão escolhidas para receberem investimento.
De janeiro a setembro de 2020, cada startup selecionada receberá R$ 200 mil em troca de equity, ou seja, participação no capital da empresa. Os R$ 5 milhões foram arrecadados de 20 investidores locais, sendo a maioria produtores rurais e empresários do comércio local.
As startups ficarão alocadas na sede da aceleradora, construída em Luís Eduardo Magalhães, no oeste baiano. O espaço tem 722 metros quadrados. Segundo o CEO da aceleradora, Pompeo Scola, é importante que as startups desenvolvam a tecnologia na região para entender as demandas dos produtores locais. “Muitas vezes, a tecnologia é desenvolvida em São Paulo e quando chega aqui o produtor não se adapta, não dá pra segurar o tablet com uma mão e dirigir o trator com outra”, conta.
Há um ano e meio, Luís Henrique Kasuya e Luís Eduardo Kasuya, pai e filho que atuam no mercado de consultoria agronômica, tiveram a ideia de criar o empreendimento. “Na região, víamos que chegava bastante tecnologia e pouca aplicabilidade para a agricultura”, conta o engenheiro agrônomo e consultor agronômico Luís Henrique. Depois, uniram-se a Pompeo Scola, administrador de empresa e então cofundador da aceleradora Darwin Startups, e Tomas Luza, empresário do setor, para criar a Cyklo, oficialmente em outubro do ano passado.
Demandas da região
Para participar do edital, os projetos devem contemplar pelo menos uma parte do processo agrícola: antes, durante ou depois do plantio. Scola aponta que os produtores da região precisam de startups que desenvolvam um melhor aproveitamento dos pivôs hídricos para usar a água de maneira mais sustentável, um projeto que preveja quando terá mais umidade para o plantio e também um negócio de financiamento de crédito rural com taxas mais competitivas, entre outras questões.
“A maior parte dos grãos que são produzidos em nossa região, não são vendidos diretamente para o exterior. O processo é intermediado por operadores que depois vão consolidar e vender isso a preço final. Eu não aproveito a melhor taxa de venda lá fora”, conta ao sugerir a criação de um modelo de comercialização com menos intermediação.
Segundo Luís Henrique Kasuya, a resistência das pragas têm aumentado ao longo dos anos e o preço dos defensivos agrícolas importados é alto. “A ideia é desenvolver tecnologia junto com os pesquisadores, faculdades e estudantes para, quem sabe, importá-la para outros países”, completa.
“Disponibilizar informações já é uma grande ferramenta na área do agronegócio”, diz Pompeo Scola. Para ele, o recebimento das informações por meio da internet é importante para otimizar a solução dos problemas que ocorrem no campo. “Como criar um aplicativo de revenda de defensivo, se um produtor tiver o produto sobrando, pode vender para quem precisa na hora”, sugere.
“Queremos ter aqui as melhores startups do agro para atender à região e também exportar tecnologia”, diz Luís Henrique Kasuya, paranaense radicado no município. A expectativa da Cyklo é receber no mínimo 50 propostas.
Fonte: Revista Globo Rural