De acordo com o Rabobank, é possível aproveitar o cenário para adquirir o restante da última safra ou até mesmo travar custos da safra 2020/2021
O excesso de oferta no mercado global de fosfatados e de potássio pode gerar "boas oportunidades de compra de fertilizantes" para o agricultor brasileiro até o fim de ano, prevê o banco de investimentos Rabobank, em relatório trimestral de perspectiva para commodities agrícolas. Segundo o banco, produtores podem aproveitar para adquirir o volume que falta para a próxima safra ou para travar os custos da safra 2020/2021.
O banco pondera, no entanto, que a previsão não considera a volatilidade cambial, porque o dólar ainda mantém os custos com esses insumos elevados. A valorização da moeda ante o real sustentaram os preços internos de adubos ainda que no mercado internacional as cotações tenham cedido nos últimos meses. Conforme o banco, os preços dos fosfatados em dólar estão hoje nos patamares mais baixos dos últimos 12 meses e devem atingir o menor valor em 10 anos nas próximas semanas.
"O excesso de oferta nesse mercado contribuiu para que o preço do fosfato diamônico (DAP) recuasse 23% ao longo deste ano e a desvalorização do yuan tem criado um espaço para que os preços caiam um pouco mais", diz o Rabobank lembrando que a China é um importante fornecedor do insumo.
Para o quatro trimestre, a instituição financeira espera restrição de oferta temporária em algumas plantas, o que pode equilibrar o mercado e fornecer suporte para a recuperação dos preços. O excesso de oferta também pressionou os preços do potássio. De acordo com o banco, o preço do KCl (cloreto de potássio) recuou 8% nos portos brasileiros no acumulado deste ano.
"Essa queda é resultado do excesso de oferta no mundo, dos altos estoques acumulados na China e na Índia e do atraso no fechamento de novos contratos desses países. Tal cenário deve manter a influência negativa nos preços pelo menos até que um dos países se mova", observa o banco.
A ureia (matéria-prima de fertilizantes nitrogenados) também voltou a recuar neste segundo semestre, mesmo com o leilão de compra da Índia de julho atingindo 1,7 milhão de toneladas, segundo o banco. A demanda do país, na análise do Rabobank, deve ser decisiva para os rumos dos preços dos nitrogenados no quarto trimestre deste ano.
"Uma demanda próxima de 1 milhão de toneladas deve dar suporte aos preços até o final do ano, já que a demanda no Hemisfério Norte deve reaquecer a partir de outubro." No início deste mês, o país abriu uma licitação para compra do produto e recebeu cerca de 2 milhões de toneladas de oferta.
Fonte: Revista Globo Rural