O diretor da Somar, Paulo Etchichury, comenta a previsão do tempo para as regiões produtoras e aponta que, no geral, as precipitações devem atrasar
A safra 2019/2020 deve transcorrer sem El Niño ou La Niña, afirma o diretor da Somar Meteorologia, Paulo Etchichury. O especialista alerta que, no entanto, uma neutralidade não significa garantia de regularidade do clima. “É bom falar que a atmosfera ainda reage ao padrão do início dos anos e as chuvas devem continuar retidas no Sul do país no fim de setembro e outubro”, diz.
De acordo com Etchichury, municípios produtores do Centro-Oeste, Sudeste e do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia (Matopiba) podem até registrar precipitações, mas de forma irregular. “São chuvas que não dão sustentação para recuperar a condição hídrica. Ao que tudo indica, a regularização (das chuvas) fica mesmo para o decorrer de novembro”, afirma.
Sul
O vazio sanitário da soja no Paraná já acabou, mas as chuvas ainda não chegaram ao estado. A expectativa é que precipitações regulares retornem em outubro. “O problema para a região é que aumenta o risco de estiagem em janeiro, principalmente no Rio Grande do Sul. Ou seja, o produtor não terá problema no plantio, mas no decorrer da lavoura”, salienta.
Sudeste
As frentes frias passam apenas pela faixa leste e as chuvas demoram para chegar ao interior. “Até deve chover no fim de setembro, mas são insuficientes para sustentar a condição de plantio. Isso é preocupante para todas as lavouras, não só as de verão”, diz Etchichury.
A regularização deve acontecer, segundo o especialista, apenas na segunda quinzena de outubro. “Mas chuvas naquela sequência de verão, aquelas à tarde, só em novembro. E importante: enquanto não chega a chuva, o calor continua bem intenso”, completa.
Centro-Oeste
A região não deve registrar chuvas tão cedo quanto no ano anterior, afirma o especialista. Elas podem até aparecer antes de novembro, mas serão irregulares.
“Vale frisar o porquê de falarmos que chove, mas demora a se regularizar: o plantio é um momento delicado. A primeira chuva pode vir forte, de 80 a 100 milímetros, e depois abrir de 10 a 15 dias sem, o que pode implicar em replantio. E fazer isso em um ano de dólar alto não é uma boa notícia”, esclarece.
Matopiba
As chuvas para o Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia atrasam, mas uma coisa interessante: o cenário climático contribui para diminuir o risco de estiagem de janeiro a fevereiro. “Na última safra, abriu-se até 45 dias sem chuva, o que prejudicou a safra de verão. Este ano, (as chuvas) vão atrasar, lá para o fim de novembro, mas compensa com um período mais regular”, afirma.
Argentina
Nossos vizinhos e concorrentes no mercado de soja devem ter condições climáticas parecidas com as do Sul: clima adequado no plantio, porém com risco de estiagem entre janeiro e fevereiro.
Fonte: Canal Rural