Produto usado via foliar aumenta a capacidade das plantas em tolerar o déficit hídrico. Confira o artigo do pesquisador Áureo Lantmann
A maioria dos solos do Brasil onde se cultiva soja, ou aqueles que ainda serão incorporados aos processos produtivos a semeadura de culturas anuais, tem alguma deficiência de nutrientes ou desequilíbrio entre eles, que impedem as culturas como a soja, o milho e o trigo, de não render o máximo que seu potencial genético garantiria em condições de alta e equilibrada oferta de nutrientes. Essa situação pode piorar ainda mais se tiver um estresses hídrico.
Do conjunto de itens que compõem o custo de produção da soja, o mais caro é o dos fertilizantes e corretivos. Em situações de baixa disponibilidade de nutrientes nos solos, este custo representa 40% do total de insumos necessários, porém, o uso correto de adubos e calcário é o item que mais contribui para o aumento do rendimento da soja.
Condições de cultivo
A cultura da soja, da germinação à colheita, é submetida a contínuos e variados estresses de natureza biótica e abiótica, de diferentes intensidades.
A germinação pode ser afetada, entre outros fatores, por deficiência ou por excesso de umidade de solo, por baixa temperatura de solo, pelo contato com fertilizantes, por insetos ou patógenos. A emergência pode ser estressada pela dificuldade de romper a camada de solo devido à excessiva profundidade em que foi colocada a semente ou devido à formação de encrostamento da camada superficial do solo.
O desenvolvimento do sistema radicular pode ser inibido pelo efeito de sais componentes dos fertilizantes, pela compactação do solo e pela falta de aeração, por danos causados por insetos pragas, por nematoides e por agentes causadores de doenças. As partes aéreas de plantas, durante o desenvolvimento vegetativo, bem como durante a fase reprodutiva, ficam expostas a todos os tipos de estresses por período de quatro a cinco meses.
São interferências causadas por agentes bióticos, como insetos-pragas, fungos, bactérias e vírus, e/ou por agentes abióticos, como deficiência ou excesso hídricos, elevada umidade relativa do ar, temperatura inferior ou superior à exigida em cada estádio de desenvolvimento da planta, pouca luminosidade, deficiências ou excessos de determinados nutrientes, injúrias causadas por defensivos químicos, efeitos determinados por cultivos anteriores e muitos outros.
Cada estresse sofrido deixa marcas que irão se refletir no rendimento físico e na qualidade do produto. Há estresses que podem determinar perdas totais. Outros, se forem considerados individualmente, têm efeitos triviais sobre o volume e qualidade do produto final. O somatório dos pequenos efeitos de cada um, no entanto, pode representar forte depressão sobre o nível de produtividade da lavoura.
Desse conjunto de fatores que podem afetar o rendimento da soja, via estresses em quase todos os estádios de desenvolvimento da soja, alguns podem ter seus efeitos negativos amenizados via um suprimento de aminoácidos.
Estresses abióticos, como a seca, podem reduzir significativamente os rendimentos das lavouras e restringir as latitudes e os solos onde espécies comercialmente importantes podem ser cultivadas.
O melhor rendimento médio de soja no Brasil foi observado no ano safra 2017/2018, com 3.394 quilos por hectare, safra onde ocorreu boa distribuição de chuvas em quase todo o território nacional, já no ano safra 2011/2012, em função de distribuição de chuvas bem desuniforme o rendimento médio teve um decréscimo de mais de 600 quilos por hectare.
Na safra 2018/2019 o rendimento médio da soja foi de 3.208 quilos por hectare, o rendimento médio não foi ruim de todo. Foi bastante afetado por estiagens, este fato significa que evoluímos bem em tecnologias como também na postura dos agricultores, pois estão, discutido mais. Se e somente se, essa safra tivesse um pouco mais de água, a média chegaria a 3.600 quilos por hectare.
Em função de baixos rendimentos e, consequente, menores volumes de soja, isso gera implicações enormes, uma vez que não somente produtores, mas toda a sociedade é afetada. Desemprego, aumento no preço de alimentos e instabilidade no mercado financeiro são somente algumas das consequências. Previsões ambientais sinalizam para o aumento do aquecimento global nas próximas décadas.
Um aumento dos períodos de seca certamente acompanharão esse fenômeno. O desenvolvimento de cultivares mais tolerantes a períodos de déficit hídrico, bem como o desenvolvimento de tecnologias, como o uso de complementos nutricionais que auxiliem as plantas a tolerar períodos prolongados de estiagem, serão, essenciais na manutenção da produção agrícola brasileira e mundial em níveis que possam alimentar uma população em constante crescimento.
Estresse abiótico e a prolina
O aminoácido prolina é conhecido por apresentar uma importante função de osmoproteção em plantas submetidas a estresses como seca e alta salinidade. Entretanto, estudos mostraram que a prolina tem também outras funções como a de estabilizar estruturas celulares, eliminar radicais livres, atuar como mensageiro secundário da cascata de sinalização molecular do estresse e, ainda, como constituinte da parede celular em plantas. (Nepomuceno, A. L., et al 2001).
Resultados de trabalhos científicos sugerem que o acúmulo de prolina nas plantas contribui para manter o potencial osmótico das células, aumentando a capacidade das plantas em tolerar o déficit hídrico. (Madam, S., Nainawatee, H.S.,Jain,R.K., Chowdhury, J.B. 1995.)
Uma das mais bem estudadas respostas das plantas ao déficit hídrico é a acumulação de prolina nas células. A acumulação de prolina em células vegetais submetidas a estresse hídrico tem sido sugerida como um mecanismo de ajuste osmótico. Enquanto vários trabalhos indicam uma alta correlação entre o acúmulo de prolina e o aumento da tolerância à seca. (Nepomuceno, A. L., et al 2001).
Em que estádio usar?
A disponibilidade de água é importante, principalmente, em dois períodos de desenvolvimento da soja: germinação-emergência e floração-enchimento de grãos. A necessidade de água na cultura da soja vai aumentando com o desenvolvimento da planta, atingindo o máximo durante a floração-enchimento de grãos (7 a 8 mm por dia), decrescendo após esse período.
Déficits hídricos expressivos, durante a floração e o enchimento de grãos provocam alterações fisiológicas na planta, como o fechamento estomático e o enrolamento de folhas e, como consequência, causam a queda prematura de folhas e de flores e abortamento de vagens, resultando por fim, em redução do rendimento de grãos.
O aminoácido prolina aplicado via foliar nos estádios vegetativos entre V4 até R4, apresenta-se como uma alternativa, viável para manter bons índices de rendimento da soja nos casos de déficit hídrico.
Fontes de prolina, como a extraída do couro de boi, conseguem gerar produtos, como os da Dominisolo com índices de 11% a 35% desse aminoácido.
Trabalhos de experimentação em várias regiões do Brasil tem apresentado resultados significativos na manutenção e aumento de rendimentos sob condições graves de estresse hídricos.
Variedades de soja tolerantes a secas, correção de perfil dos solos, adequação de épocas de semeaduras, situações de plantio direto, solos cobertos e o uso racional de aminoácidos, podem amenizar muito efeitos negativos de estiagens.
Fonte: Canal Rural