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Bayer e Case IH fazem parceria para testar nova soja transgênica
19/08/2019 09:17 em Notícia

Lavouras onde a Intacta 2 Xtend será avaliada terão plantio, tratos culturais e colheita com máquinas e equipamentos da fabricante

A multinacional de sementes e químicos Bayer e a indústria de máquinas agrícolas Case IH anunciam, nesta segunda-feira (19/8), uma parceria para a próxima fase de testes de campo da soja Intacta 2 Xtend. Plantio, tratos culturais e colheita de lavouras com a nova cultivar da empresa alemã serão feitos usando máquinas e equipamentos da fabricante, com o objetivo de avaliar a eficiência na aplicação das tecnologias nas diversas fases da cultura.

Na safra 2019/2020, a nova variedade será testada em 254 lotes de cinco hectares cada. Selecionadas pela Bayer, as áreas estão em locais de produção agrícola nas várias regiões do país. Segundo a empresa, pertencem a agricultores considerados de referência, que tendem a adotar novidades logo que chegam ao mercado. E eles devem ter preferência na compra dos primeiros volumes disponíveis da nova soja.

“A Bayer está lançando a terceira geração da biotecnologia em soja e precisávamos de suporte na área de maquinário. Abordamos empresas e vimos que a Case seria a parceira. Com a conectividade e o mundo digital, trabalhar juntos é importante”, conta o presidente da Bayer CropScience Brasil, Gerhard Bohne. 

“Eles tinham a necessidade de um parceiro que tirasse o máximo potencial da tecnologia. E, vi, do outro lado, uma oportunidade muito grande, de mostrar a nossa tecnologia junto com uma nova. Para nós, foi imediato”, acrescenta o vice-presidente da Case IH para América do Sul, Christian Gonzalez.

Herdada da aquisição da Monsanto, a Intacta 2 Xtend tem lançamento comercial previsto pela Bayer para 2021. Falta a aprovação da China, principal importador de soja do Brasil. A promessa é de produtividade elevada e mais opções de controle de plantas daninhas, com tolerância aos herbicidas glifosato e dicamba.

A nova fase de testes está prevista para começar já em setembro. Junto com a variedade geneticamente modificada, será plantado o refúgio na proporção de 20% da área. A Bayer está criando aplicativos para os donos das fazendas acompanharem a safra e compartilhará as informações com acadêmicos e especialistas em práticas agrícolas. E estão previstos eventos e dias de campo com a expectativa de reunir cerca de 10 mil produtores.

Com o projeto, chamado de Eleitos I2X, a multinacional alemã expande os ensaios, colocando a nova variedade transgênica em situações próximas da realidade vivida pelos agricultores durante cada safra em diferentes regiões e condições. Até agora, a pesquisa vinha sendo feita em áreas experimentais próprias. “Tomamos esse passo para irmos ao nível do agricultor. Vai ter todo o tipo de dado importante sobre a tecnologia”, pontua Bohne.

Obtidos os resultados, a colheita experimental será destruída para evitar riscos relacionados a ambientes controlados. Bohne diz ainda que os testes levarão em conta as preocupações relacionadas à aplicação de dicamba. Especialmente a deriva, quando o produto se desloca para áreas de plantio além daquela na qual foi aplicada.

“Temos uma preocupação com a deriva do dicamba, mas não só isso. Tem outros aspectos, como a formulação, mas principalmente a capacitação. Não adianta ter o melhor equipamento se não capacitar as pessoas sobre como utilizar”, afirma o executivo.

Do lado da Case, todas as máquinas a serem utilizadas nesse trabalho já estão no mercado. Serão cerca de 50 equipamentos percorrendo as fazendas. Os sistemas serão integrados ao Climate Fieldview, plataforma da Bayer para monitorar e analisar dados das lavouras. E será avaliada a conectividade entre os equipamentos, com toda a frota no campo se comunicando e compartilhando informações por meio da tecnologia isobus.

O suporte técnico ao maquinário - tratores, plantadeiras, pulverizadores e colheitadeiras de grãos - será feito a partir dos concessionários nas regiões onde estão as áreas de teste. Para a empresa, é uma forma de fortalecer relações com potenciais clientes que não usam produtos da marca. E avaliar no campo antes da concorrência a performance dos produtos aliada a um sistema de cultivo que ainda vai chegar ao mercado.

“Tem um viés comercial, com uma série de clientes que estão sendo expostos à tecnologia. E estou ganhando 254 laboratórios onde vou ter dados muito precisos sobre a performance do equipamento em condições diferentes. Vou ter em primeira mão se preciso fazer melhorias e modificações para atender melhor uma tecnologia que ainda vai chegar”, resume Gonzalez.

Os executivos destacam que a parceria foi feita só para o mercado brasileiro. Não dão detalhes, mas dizem considerar que pode trazer outras possibilidades de trabalho conjunto.

“Ainda é um pouco cedo para falar sobre outras coisas. Hoje é uma parceria tecnológica. Mas oportunidades adicionais existem. Consequentemente vão surgir outras oportunidades e o céu é o limite”, afirma Christian Gonzalez, da Case.

“Parcerias serão cada vez mais importantes. Vai começar com essa, tecnológica, e pode evoluir. Estamos olhando outras áreas em que poderíamos estar colaborando, mas ainda é muito embrionário”, acrescenta Gerhard Bohne, da Bayer.

Fonte: Revista Globo Rural

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