Choveu metade do volume esperado para o ano inteiro em apenas 20 dias, segundo a Federarroz, o que pegou produtores desprevenidos
Cerca de 1.500 produtores de arroz do Rio Grande do Sul foram atingidos pelas chuvas excessivas em janeiro, estima a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater). Até a metade do mês, 223 mil hectares de arroz tinham sido prejudicados, sendo que 50 mil ficaram completamente embaixo d’água.
Quando a safra 2018/2019 começou, os orizicultores gaúchos não imaginavam o que aconteceria. Segundo o presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do estado (Federarroz), Henrique Dornelles, 90% do plantio foi realizado no período ideal.
“Viemos até meados de dezembro com clima perfeito. Todo mundo achando que ia encher todas as latas, todos os silos. Seria uma confusão de caminhões e tratores para escoar”, relembra. Mas a animação foi embora com a chegada de chuvas excessivas no fim de 2018. “Foram 800 milímetros da virada do ano até o dia 20 de janeiro; é a metade do esperado para o ano inteiro praticamente”, diz Dornelles.
Perda total
O município de Alegrete (RS), quarto maior produtor de arroz do Brasil, foi um dos atingidos pela enchente no início de janeiro. O Rio Ibirapuitã — o principal da região — subiu 14 metros, inundando cidade e campo.
O agricultor Arthur Pacheco não sabe se colherá sequer 10% do que foi cultivado. “Só tenho seguro contra granizo. Para inundação não tenho, então é matar no peito”, diz.
Tamanho do problema
Por causa da enchente, o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) redefiniu os números estimados para esta safra. “A gente pode falar em quebra de 10%. Em vez de colher 7,8 milhões de toneladas como o previsto no início, pode ser que fiquemos nas 7 milhões de toneladas apenas. Isso é uma quebra importante, à medida que o Brasil precisa de 12 milhões de toneladas para o consumo do ano”, afirma o presidente da entidade, Guinter Frantz.
As lavouras estavam em fase reprodutiva e enchentes nessa época trazem muito prejuízo, como o aparecimento de doenças e pragas. “Estamos com infestação de fede-fede e outras doenças de folha. Lagarta de cacho; o pacote vem completo”, lamenta Pacheco.
A Federarroz foi à Brasília pedir ajuda ao governo federal, que teria prometido R$ 24 milhões aos municípios atingidos. Mas, até agora, apenas R$ 4,5 milhões foram liberados.
Em poucos dias, o produtor começa a colheita do arroz e, neste ano, ainda mais preocupado. “Ele não fez os tratos culturais; as doenças fúngicas se acentuaram. E as perdas começaram a ser consolidadas a partir das cheias”, afirma Dornelles.
Fonte: Canal Rural