As perdas foram estimadas em R$ 435 milhões na soja e de R$ 9 milhões no milho, onde choveu mais de 600 mm em uma semana
Um levantamento realizado pela Emater/RS-Ascar, serviço de extensão rural e assistência técnica do governo gaúcho, o excesso de chuvas dos últimos dias provocou prejuízos estimados em R$ 342 milhões apenas nas lavouras de arroz irrigado.
Segundo a Emater/RS, o cultivo de arroz irrigado foi o mais atingido pelas chuvas, com 50.300 hectares alagados por rios e com perdas estimadas em 461 mil toneladas. “Avaliação mais consistente poderá ser feita após o retorno da normalidade dos níveis dos rios.”
Os relatos dos técnicos de campo também dão conta que mais de 1.500 produtores foram atingidos pelo excesso de chuvas em 223 mil hectares, 22% da área cultivada com arroz no Estado.
Eles alertam que em outras áreas poderão haver perdas pela falta de radiação/luminosidade no período, o que só poderá ser avaliado com a evolução das lavouras, pois em função das condições climáticas alguns tratos culturais, como adubação de cobertura e controle de doenças, ficaram prejudicados. A área total cultivada com arroz irrigado nesta área é 518 mil hectares, ou seja, mais da metade da área cultivada no RS.
O levantamento constatou que em apenas uma semana choveu mais de 600 mm em alguns municípios gaúchos, especialmente na Campanha e Fronteira Oeste do Estado. Os mais prejudicados foram os agricultores de áreas mais baixas e próximas aos rios, que saíram do leito nesse período, destaca o diretor técnico da Emater/RS, Lino Moura.
Soja
Os técnicos coletaram informações em 52 municípios das regiões onde a intensidade das chuvas foi maior e onde prefeituras e entidades apontaram prejuízos mais significativos. Destes municípios, 16 decretaram situação de emergência.
Eles calculam que nas lavouras de soja das regiões atingidas, onde são cultivados mais de 1 milhão de hectares, houve prejuízos em 275 mil hectares, atingindo 1.950 produtores e ocasionando perdas de 339 mil toneladas que, em valores atuais, representam R$ 435 milhões somente nos 52 municípios.
Os técnicos observam que municípios de outras regiões também terão perdas por falta de luminosidade e excesso de água no solo, mas ainda é cedo para uma avaliação mais consistente.” O controle de pragas e doenças também foi prejudicado em alguns locais pelas chuvas e excesso de umidade no solo.”
Em relação à cultura de milho dos 52 municípios, onde são cultivados 13.500 hectares, houve perdas de 14,2 mil toneladas, representando um prejuízo de R$ 9 milhões para 700 produtores atingidos.
Na fumicultura, 4.340 produtores foram atingidos, com estimava de perdas de 1.550 toneladas de produto. Além disso, outros 378 produtores tiveram prejuízos na produção de hortigranjeiros, em diversos cultivos.
Os técnicos ressaltam que mais de 25.000 km de estradas foram danificadas e 301 comunidades enfrentam dificuldade para escoamento da produção. Eles relatam que 537 produtores de leite foram prejudicados pelo não recolhimento da produção durante alguns dias, estimada em 625 mil litros de leite não recolhidos nestas regiões.
Apoio
Nesta quinta-feira (24/1), a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, sobrevoou a região de Uruguaiana (RS), atingida por cheias. Em reunião com lideranças e parlamentares no Sindicato Rural do município, ela ouviu relatos de perdas, especialmente na cultura do arroz. De acordo com o divulgado pelo Ministério, a ministra foi informada de que 750 mil toneladas do cereal se perderam por conta do excesso de chuvas. E ofereceu o apoio da pasta para encontrar uma solução.
Também presente no encontro, o senador eleito Luiz Carlos Heinze (PP-RS), pontuou os pontos de reivindicação dos produtores da região: renegociação de dívidas, recuperação do preço mínimo do arroz, revisão de cláusulas do Mercosul e dos impostos que recaem sobre o produto. Segundo o parlamentar, a tributação equivale a 30% do valor de uma saca de arroz e os prejuízos do setor só nos últimos dois anos são calculados em R$ 3,6 bilhões.
Fonte: Revista Globo Rural