Segundo o Imea, os agricultores do estado já venderam 36,3% do grão que deve ser colhido na segunda safra
Para tentar cobrir os elevados custos de produção da próxima safra de milho, produtores de Mato Grosso mantêm atenção ao mercado de olho nas oportunidades de negociar a produção futura. O ritmo das vendas antecipadas supera a média dos últimos cinco anos, mas a influência do El Niño e o desfecho da guerra comercial entre EUA e China preocupam.
Nesta época do ano, a soja é a protagonista dos cenários em Mato Grosso. Mas o milho segunda safra, que ainda nem foi plantado, também prende a atenção dos agricultores.
“Este é o momento em que temos de ficar atentos ao mercado, que deve ficar volátil porque as notícias são diversas. É clima, instalação da lavoura, início de plantio, questão de dólar, questão de acordos comerciais internacionais… É um conjunto muito grande de problemas e soluções que têm de ser analisadas”, afirma o agricultor Emerson Zancanaro.
O foco dele no mercado é constante. E o celular, ferramenta fundamental na busca das oportunidades de vendas, tem sido um grande aliado. O produtor já negociou cerca de 60% do milho que espera colher na segunda safra, o suficiente para cobrir os custos de produção.
“Travados os custos, agora tento ver como vai ser o restante da colheita. Porque não vendemos mais? Porque tem o fator climático, que nos deixa mais preocupados, mas de toda forma os negócios já saíram muito bons. A real preocupação que nós temos agora é saber lá na frente como vai estar. Tem alguns agricultores que deixaram para comprar os fertilizantes e defensivos tarde demais e agora estão com problemas de liquidez”, afirma Zancanaro.
Outro produtor que não quis arriscar é Eclásio Garruti Júnior. Ele já negociou 80% da produção que planeja plantar nos 2.000 hectares que hoje estão ocupados com a soja. O custo elevado e a perspectiva do excesso de oferta do cereal foram os motivos da decisão.
“Sofremos no passado com esses milho a R$ 13, a R$ 15 e leilão demorando um ano para receber aqueles prêmios. Então a gente optou por não correr esse risco e vendemos muito, acabou acertando um pouco por ter vendido cedo”, diz.
De acordo com o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), os produtores do estado já venderam 36,3% do milho que deve ser colhido na segunda safra. Esse volume é superior ao que estava negociado nesta mesma época do ano passado, quando as vendas chegavam a 25,6% da produção prevista.
“Eu acho de extrema importância fazer milho futuro para cobrir custo. O hidrogenado da adubação de cobertura do milho hoje está em torno de R$ 1.600, cerca de US$ 370, US$ 400 dólares a tonelada. No ano passado, compramos adubo a US$ 280”, diz o agricultor José Nardes.
Na opinião dele, a estratégia é uma alternativa para o produtor que está acostumado a plantar milho, mas ele alerta: “É preciso ter muito cuidado com os custos e colher acima de 100 sacos para ter um retorno razoável”.
Fonte: Canal Rural