A analista de qualidade Michele Zanotto Siben diz que a proposta é manter as características próprias e intrínsecas do produto na fabricação
Como estratégia de mercado, empresas estão investindo na produção de leite sem alguns aditivos. No entanto, a peça fundamental para esse processo é o produtor. É um caminho sem volta, já que cada vez mais o consumidor procura saber quais ingredientes compõem o produto que está comprando.
Anselmo Souza, gerente de fábrica da Nestlé, afirma que o consumidor, quanto mais busca ter uma vida saudável, mais se empenha em estar próximo daquilo que reconhece como sendo um produto natural. “Isso é uma demanda muito grande. Dentro das características dos leites UHT, não é mais necessário, em função da sua matéria-prima, adicionar estabilizantes“, afirma.
A analista de qualidade Michele Zanotto Siben diz que a proposta é manter as características próprias e intrínsecas do produto na fabricação, durante o aquecimento térmico e no processo de validade (shelf life). Assim, uma vez que a qualidade do leite se torna suficiente para que o produto se mantenha estável por si só, sem necessidade de um aditivo tecnológico, não há mais motivo para utilizá-lo.
O estabilizante era adicionado ao produto logo que o caminhão chegava para o transporte. Agora, sem esse uso, o cuidado e a agilidade do produtor são fundamentais para a diminuição da quantidade de bactérias no leite cru. Toda a cadeia produtiva precisa correr contra o tempo. Com coleta diária, o prazo é de 48 horas para que o produto esteja no supermercado.
“O nível de liberação e de processamento do produto é mais rápido e, logicamente, conseguimos disponibilizar mais rapidamente o produto“, avalia Souza.
Para retirar certos aditivos, as indústrias não dependem de novas tecnologias, mas do que é feito manualmente. “Os tetos das vacas são lavados e desinfetados com uma solução, uma toalha úmida tira o excesso e daí é feita a ordenha“, afirma o produtor rural Rogério Schneider.
Além da higiene, existe uma atenção especial dos produtores sobre a alimentação das vacas. “Hoje, nós estamos com um pastejo noturno e um diurno, com ração de 14% de proteína baixa. Estamos tentando fornecer mais energia (para os animais)“, afirma o produtor Douglas Erig.
As vacas são divididas em três lotes e identificadas por fitas coloridas, de acordo com o tempo de vida. À medida que passam pelo período de lactação, a quantidade de ração diminui.
Michele Zanotto Siben, analista de qualidade da Nestlé, afirma que, quanto mais rapidamente o leite chega na fábrica, melhor é a qualidade microbiológica inicial da matéria-prima – o que propicia, após o processamento térmico, que o produto continue estável. Sem isso, mesmo submetendo a matéria-prima ao tratamento térmico que elimina todos os microorganismos, seria necessário o uso do adicional tecnológico. Por não ser possível recuperar a qualidade microbiológica que a proteína apresentava no início do processo, é importante que a captação seja rápida e que os produtores sejam conscientizados sobre os procedimentos adotados.
O gerente de fábrica reforça a importância de o setor compreender o processo, desde a ordenha até a chegada do produto na indústria, para que o cuidado seja transmitido ao consumidor.
O gerente de fábrica reforça a importância de o setor compreender o processo, desde a ordenha até a chegada do produto na indústria, para que o cuidado seja transmitido ao consumidor.
“Tenho duas meninas que tomam do mesmo leite que a gente vende, então fico bem contente com isso“, completa o produtor Rogério Schneider.
Fonte: Canal Rural