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Morre em Porto Alegre o tradicionalista Paixão Côrtes, aos 91 anos
Notícia
Publicado em 28/08/2018

Ele estava internado no Hospital Ernesto Dornelles. Instituição confirmou que o óbito aconteceu às 16h05, mas não informou a causa. Velório será realizado a partir das 10h no Palácio Piratini.

                      

Morreu na tarde desta segunda-feira (27) em Porto Alegre o tradicionalista João Carlos D'Ávila Paixão Côrtes. Ele estava internado no Hospital Ernesto Dornelles. A instituição confirmou que o óbito aconteceu às 16h05, mas não informou a causa.

O governo do Rio Grande do Sul decretou luto oficial de três dias. O velório será realizado a partir das 10h no Salão Negrinho do Pastoreio, no Palácio Piratini, em Porto Alegre.

O presidente do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), Nairo Callegaro, lamentou a morte, mas exaltou o legado deixado por Paixão Côrtes. "Nós perdemos, a sociedade gaúcha, o Brasil, o mundo, porque ele se projetou para o mundo, levou para o mundo quem era o gaúcho, quem somos, que tipo que habita no Sul do Brasil, no estado do Rio Grande do Sul, a nossa história, nossa cultura, nossos usos, nossos costumes, enfim, todo esse legado nós temos a reponsabilidade manter vivo e levar às futuras gerações", disse.

Paixão Côrtes estava na UTI do hospital, se recuperando de complicações após uma cirurgia. Aos 91 anos, ele sofreu uma queda ainda em julho e fraturou o fêmur de uma das pernas.

João Carlos D'Ávila Paixão Côrtes nasceu em Santana do Livramento, na Fronteira Oeste gaúcha, no dia 12 de julho de 1927. Era agrônomo, mas se tornou conhecido como folclorista, radialista e pesquisador, considerado um dos maiores nomes do tradicionalismo no Rio Grande do Sul. Ele serviu de modelo para a estátua do Laçador, monumento que homenageia o gaúcho na entrada da cidade de Porto Alegre.

Inspirado em Paixão Côrtes, Monumento ao Laçador é um dos símbolos de Porto Alegre (Foto: Roberta Salinet/RBS TV)

O monumento assinado pelo escultor Antônio Caringi foi escolhido em 1992 como símbolo de Porto Alegre. Tombada como patrimônio histórico em 2001, a estátua foi transferida em 2007 do Largo do Bombeiro para o Sítio O Laçador, onde fica até hoje, devido à construção do Viaduto Leonel Brizola.

Paixão Côrtes foi um dos idealizadores do movimento tradicionalista no Rio Grande do Sul, juntamente com Luiz Carlos Barbosa Lessa e Glauco Saraiva. Em 1948, ele organizou e fundou o Centro de Tradições Gaúchas (CTG) 35 e, em 1953, fundou o pioneiro Conjunto Folclórico Tropeiros da Tradição.

Junto com Barbosa Lessa, Paixão Côrtes resgatou as tradicionais gaúchas Chimarrita-balão, Balaio, Maçanico e Quero-Mana, Tirana do Lenço, Rilo, Xote Sete Voltas, Xote Inglês, Xote Carreirinha, Vaneira Marcada, Tatu e Pezinho, que foram gravadas por Inezita Barroso.

Nas décadas de 1950 e 1960, Paixão Côrtes se apresentou na Europa, em locais como o Teatro Olympia de Paris, o palco da Universidade de Sorbonne, também na capital francesa, e na Feira Mundial de Transportes e Comunicação, em Munique, na Alemanha. Em 1964, foi premiado como o Melhor Cantor Masculino de Folclore do Brasil.

Em 1986, se apresentou durante um mês na Inglaterra. Em 2001, o tradicionalista ministrou uma palestra sobre a música gaúcha no VII Encontro Nacional de Pesquisadores da Musica Popular Brasileira (MPB), realizado no Teatro da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Dois anos depois, lançaria um novo manual, com mais danças, derivadas do primeiro.

O tradicionalista também é considerado responsável pela abertura de mercado da ovinocultura no estado, com métodos e técnicas de tosquia desossam e gastronomia trazidos da Europa. Ele ainda trabalhou durante 40 anos na Secretaria Estadual de Agricultura.

 

Fonte: Globo.com

 

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