Tecnologia comum nos Estados Unidos foi importada por produtor catarinense e pode evitar prejuízos com queda e mau desenvolvimento de frutos por causa do fenômeno
A cada cinco ou seis anos, os pomares de maçã do produtor Makoto Umemya, em São Joaquim (SC), sofrem com geadas severas. “A gente está sempre suscetível entre setembro e outubro”, diz. As perdas — tanto pela queda de frutos quanto pelo mau desenvolvimento — já chegaram a R$ 600 mil. Cansado do prejuízo, ele resolveu instalar uma máquina de vento, que pode ser literalmente a salvação da lavoura.
O fruticultor conheceu essa tecnologia há 30 anos, nos Estados Unidos, mas era um grande investimento. Ele testou outros sistemas mais baratos no Uruguai, mas nenhum se adequou, o que o motivou a conversar com agricultores norte-americanos e comprar o equipamento.
A Wind Machine, da empresa Orchard-Rite, é uma torre equipada com hélice de seis metros de diâmetro, movida por um motor de 200 cavalos de potência. Visualmente, é como uma torre eólica. Ela produz um vento forte e mistura o ar quente ao frio, evitando a formação de geada.
Como funciona
Há dois modos de funcionamento. No manual, o fruticultor liga e desliga à vontade. O automático, por sua vez, trabalha com uma temperatura mínima — no caso da propriedade de Umemya, quando os sensores detectam um ambiente abaixo de 3ºC, a máquina é ativada.
Por enquanto, a hélice só foi ligada para testes. Nos próximos meses, a adaptação do equipamento à realidade do Brasil será posta à prova. Diferentemente dos pomares americanos, que tendem a estar em terrenos mais planos, aqui temos a variação do relevo. “Temos pontos mais altos e mais baixos, o que influencia o desempenho”. Mesmo com esse risco, o produtor reitera sua confiança no investimento.
Na ponta do lápis
Com a atual cotação do dólar, que está em alta, Makoto Umemya estima que o valor do equipamento corresponda a R$ 200 mil – o que representa apenas um terço do prejuízo que já teve por causa de geadas graves. A área de produção do fruticultor está dividida em dois pomares, mas apenas um deles contará com a proteção. Além disso, a atuação do equipamento tem um alcance de 4 a 6 hectares, e as áreas do produtor medem 20 hectares cada.
Como esta foi à primeira máquina instalada no Brasil, técnicos da Orchard-Rite foram até Santa Catarina cuidar do procedimento. Os próximos atendimentos serão feitos por profissionais treinados pelos norte-americanos.
Conquista individual com apoio de grupo
A cooperativa agrícola Sanjo, da qual Umemya é associado, deu suporte técnico e logístico ao produtor. O recurso usado na compra veio do Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil (Sicoob). “Não há muitas linhas de crédito no BNDES para isso”, menciona.
Fonte: Canal Rural