O híbrido BRS Zamir é amplamente adaptado às altas temperaturas encontradas nas regiões produtoras do Brasil, alcançando perto de 100% de pegamento dos frutos
Uma pesquisa da Embrapa Hortaliças desenvolveu um novo híbrido de tomate cereja que, além de muito doce, tem alto rendimento. Os cientistas da entidade conseguiram caracterizar um gene responsável por estimular o grau de bifurcação dos cachos do tomateiro, o que aumentou em até três vezes o número de flores e, por consequência, de frutos.
“Nós observamos plantas que apresentavam essa característica de bifurcação e desenvolvemos um trabalho de seleção dos materiais genéticos para chegar ao híbrido, que agrega maior produtividade em virtude da presença desse gene”, explica o agrônomo Leonardo Boiteux.
A cultivar chamada de BRS Zamir foram avaliadas em diferentes regiões produtoras nos estados de Goiás, Paraná, São Paulo e Distrito Federal. Além do rendimento superior em comparação aos outros híbridos do mesmo segmento, o produto também é amplamente adaptado às altas temperaturas encontradas nas regiões produtoras do país, alcançando perto de 100% de pegamento dos frutos.
Adaptação
O desenvolvimento de um produto nacional é importante porque o segmento de tomates do tipo grape (cereja) tem baixa disponibilidade de materiais genéticos adaptados às condições ambientais do Brasil, o que deixa o agricultor com poucas opções de escolha.
“No geral, a maioria das cultivares ofertada no mercado nacional é estrangeira e as sementes são importadas por um preço muito elevado. A produção de sementes dessas variedades ocorre em condições de telado em regiões com clima mais ameno. Quando são cultivadas no Brasil em altas temperaturas, há aborto de flores e pegamento inadequado de frutos, o que diminui a produtividade”, esclarece Boiteux.
Cultura adequada à agricultura familiar
Nesse nicho de mercado, o número de frutos por penca interessa mais do que o tamanho ou calibre dos frutos produzidos. Por isso, o tomate cereja é um produto que se encaixa muito bem no perfil do agricultor de base familiar que, mesmo em uma área pequena e com pouca estrutura, consegue produzir um material de elevado valor agregado.
A boa sanidade é outra vantagem competitiva do tomate: ele apresenta tolerância elevada ao fungo oídio, uma doença foliar que atinge com severidade as plantações de tomate em cultivo protegido – principal sistema de produção adotado para plantio de tomates especiais como os do segmento grape. A cultivar tolera o ataque do fungo até o fim do ciclo de produção.
“Cápsulas” naturais de licopeno
Além de todas estas vantagens, o produto integra uma nova geração de tomates híbridos enriquecidos com licopeno, uma substância antioxidante muito eficiente no combate aos radicais livres no organismo e um pigmento que confere a típica cor vermelha dos frutos do tomateiro. Enquanto outros híbridos comerciais do segmento grape no mercado brasileiro obtêm por volta de 40 a 90 microgramas por grama de fruto, o teor de licopeno do tomate BRS Zamir pode alcançar até 144.
Para os agricultores, a característica nutricional do tomate, somada à qualidade sensorial (textura, sabor e cor) representa a possibilidade de agregar valor ao produto comercializado. “É como morder uma uva”, compara o produtor Fernando Silva, que produz tomate orgânico sob cultivo protegido.
Fonte: Canal Rural