De acordo com revisão da consultoria INTL FCStone, safra 2018/2019 deve cair 3,8% em relação à temporada anterior
A região Centro-Sul do Brasil deve moer menos cana-de-açúcar do que o previsto inicialmente. De acordo com revisão da consultoria INTL FCStone, a safra 2018/2019 deve cair 3,8% em relação à temporada anterior, para 573,9 milhões de toneladas, o menor volume desde a safra 2014/2015. O principal motivo para a queda foi clima, que influenciou o desenvolvimento da cultura.
“Entre os meses de fevereiro e junho, a precipitação sobre o cinturão canavieiro registrou 378 milímetros, 31,4% abaixo do ano passado e 33,4% abaixo da média histórica”, explica o analista de mercado, João Paulo Botelho, em relatório.
O indicador de saúde da vegetação, que usa imagens de satélite para analisar a situação das lavouras, também mostrou declínio significativo nas condições das principais áreas canavieiras do Centro-Sul. Na média dos principais estados produtores, este índice registra 44,8, queda de 25,1% ante ao ano passado e 19,9% a menos do que a média dos últimos 10 anos.
Rendimento
A FCStone espera que a produtividade agrícola média da região caia para 72,8 toneladas por hectare, uma redução de 4,2% em relação ao ciclo anterior, mas pondera quanto ao impacto do clima sobre a totalidade das regiões produtoras. Isso porque, assim como ocorreu em 2014, o estresse hídrico não está espalhado de maneira uniforme por toda a região canavieira do Centro-Sul.
“Em Minas Gerais, responsável por 11% da área esperada, as chuvas no acumulado do ano superam o mesmo período no ano passado”, avalia Botelho. Além disso, o índice de saúde vegetal do estado no começo de julho é maior que o registrado no ano passado, assim como ocorre em Goiás, responsável por 12% da área.
Além disso, a falta de chuvas tem efeito positivo a qualidade da matéria-prima, resultando em aumento do açúcar total recuperável (ATR) médio, estimado em 139,1 quilos por tonelada – o maior nível desde o ciclo 2010/2011.
Etanol x cana
Em relação ao mix produtivo, a paridade entre os dois produtos da cana-de-açúcar continua favorecendo o etanol, mesmo em uma época do ano em que o açúcar normalmente remunera melhor em função da sazonalidade de preços do biocombustível.
Na média das últimas quatro semanas, a produção de álcool combustível remunerou 4% mais o produtor paulista do que o açúcar. Em estados mais distantes dos portos, como Minas Gerais e Goiás, a vantagem oferecida pelo biocombustível é ainda mais expressiva.
“Estimamos que as usinas do Centro-Sul destinarão 60,1% do mix produtivo para o biocombustível e apenas 39,9% para o açúcar. Esta seria a maior concentração da produção canavieira no etanol desde a safra 2008/2009. A produção de açúcar, desta forma, cairia 15,8% na comparação com a safra passada, para 30,4 milhões de toneladas”, explica Botelho.
Fonte: Canal Rural