SÃO PAULO (Reuters) - Maior produtor de soja do Brasil, Mato Grosso deverá ampliar a área plantada com a oleaginosa na safra 2018/19 para um novo recorde, mas tende a colher menos em razão de um esperado recuo nas produtividades, previu nesta segunda-feira o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
Em sua primeira estimativa para a próxima temporada, cujo plantio se dará apenas no segundo semestre, o instituto ligado aos produtores apontou a semeadura em 9,58 milhões de hectares, aumento de 1,22 por cento sobre o atual ciclo 2017/18. A previsão preliminar leva em conta expectativas do mercado e levantamentos junto a agricultores.
Esse incremento, contudo, não deverá se dar na produção, uma vez que os rendimentos das lavouras devem ficar aquém do recorde registrado neste ano, segundo avaliação preliminar do Imea.
A expectativa do Imea é de 56,23 sacas por hectare em 2018/19, ante 57,28 sacas em 2017/18. Com isso, devem ser produzidos 32,32 milhões de toneladas no próximo ciclo, versus históricos 32,52 milhões na temporada atual.
"Cabe salientar, que, apesar das projeções dos rendimentos a campo ser limitada neste momento, ainda restam ser adquiridos grande parte dos insumos por parte do produtor rural, e neste momento a expectativa dos agentes de mercado é de manutenção do investimento em tecnologia no campo", afirmou o Imea, em nota.
O instituto ponderou ainda que essa primeira projeção "representa o sentimento inicial do mercado e ainda há muito 'chão pela frente', e o fator clima continuará como sempre determinante nas consolidações dos bons rendimentos a campo".
COMERCIALIZAÇÃO
As vendas antecipadas de soja da safra que ainda será colhida estão aquecidas, segundo o Imea, em meio a bons preços ao produtor e uma forte apreciação do dólar ante o real, o que é um estimulante para negócios.
Até agora em maio, 13,97 por cento da produção futura já foi comercializada, acima da média de 10,34 por cento para o período e bem superior ao índice de 1,74 por cento de um ano atrás, nesta época, para a temporada 2017/18.
No caso da safra 2017/18, já colhida, as vendas atingem até o momento 79,68 por cento, em linha com a média de cinco anos, mas acima dos 69 por cento de um ano atrás.
MILHO
O Imea ainda revisou sua estimativa para a safra de milho no Estado, cuja colheita ganhará ritmo nas próximas semanas --praticamente todo o cereal cultivado no Estado, também o maior produtor, é da chamada "safrinha", colhido no inverno.
O instituto espera agora uma área 1,82 por cento maior ante a estimativa passada, com 4,57 milhões de hectares.
Como a produtividade não sofreu alterações (96,26 sacas por hectare), a perspectiva é de produção de 26,38 milhões de toneladas, 1,83 por cento acima da previsão anterior, mas 13,37 por cento aquém do recorde do ano passado.
"Apesar dos bons volumes de chuvas que perduraram até a primeira quinzena de abril, é prevista uma redução pluviométrica durante o mês de maio em grande parte das regiões produtoras, o que demanda atenção, principalmente nas áreas semeadas fora da janela ideal", disse o Imea.
O clima tem sido um ponto de preocupação para a safrinha de milho deste ano, principalmente no Paraná e em Mato Grosso do Sul. Nesses Estados, a falta de chuvas tende a reduzir a produção do cereal.
Seca afetou boa parte do milho de Mato Grosso, diz presidente da Aprosoja-MT
SINOP, Mato Grosso (Reuters) - Principal Estado produtor de grãos do Brasil, o Mato Grosso deverá colher até 15 por cento menos na segunda safra de milho deste ano por causa da seca, afirmou à Reuters o presidente do grupo de agricultores Aprosoja, nesta segunda-feira.
Os produtores de Mato Grosso deverão colher cerca de 25 milhões de toneladas de milho este ano, disse Antônio Galvan.
A seca está atingindo o sul do Estado de maneira particularmente forte.
E no Médio-Norte de Mato Grosso, onde a família de Galvan plantou cerca de 1.300 hectares de milho nesta safra, os agricultores podem perder em média 10 por cento devido à falta de chuvas, disse ele.
A colheita em seus campos começará em cerca de 40 dias.
O Mato Grosso produziu quase 29 milhões de toneladas de milho na temporada passada, quando o tempo foi quase perfeito, de acordo com dados do governo.
O Estado responde por cerca de 30 por cento da produção total de milho do Brasil.
O milho segunda safra, que é plantado após a soja, já responde por cerca de 70 por cento de toda a produção de milho do país e fez do Brasil um forte concorrente para os Estados Unidos nos mercados globais.
Este ano, atrasou o plantio e a colheita de soja, atrasando também a safra de milho em algumas fazendas, especialmente no sul do Mato Grosso e em Estados como o Paraná, tornando essas regiões mais expostas à estiagem.
"O fim das chuvas mais cedo neste ano fez com que o problema fosse pior em algumas propriedades", disse Galvan.
A situação é preocupante para os agricultores que escolheram vender seu milho antecipadamente em meio a um aumento nos preços internos, como consequência da seca em muitas partes do Brasil, Argentina e Paraguai.
"Quebra de safra pode levar a quebra de contrato", disse Galvan.
"Se os agricultores não entregarem o milho, eles estão sujeitos a pagar aos compradores a diferença entre o preço no contrato e preços de mercado."
As vendas antecipadas de milho segunda safra do Brasil haviam atingido, até 4 de maio, 32 por cento da produção esperada, acima dos 29 por cento do mesmo período do ano passado, segundo dados da consultoria Datagro.
"Eu normalmente não vendo nenhum milho adiantado por causa do risco associado aos padrões de chuva", disse Galvan.
Fonte: Portal do Agronegocio