Após ter perdido o marido em um acidente, pecuarista consegue criar os filhos e comandar o crescimento da fazenda
É difícil para uma mulher sozinha educar os filhos, cuidar da lida na propriedade, dos afazeres da casa e ainda permanecer firme no propósito de concretizar o futuro idealizado pelo marido. Mas não para Beatriz Berenice Rosso, que com o amor de mãe transformou o trabalho diário em oportunidade e com dedicação e carinho vem semeando valores e sonhos na vida de seus filhos.
Por anos, a família Rosso viveu em propriedade de outros, pagando pelo uso da terra com uma pequena parte da produção. Apesar da situação “confortável”, Sidenei e Beatriz tinham o sonho de ter seu próprio chão e ver seus dois filhos, Pablo e Eduardo, trabalhando nele. “A propriedade em que vivíamos era pequena e não era nossa, e isso angustiava muito meu marido, pois os meninos estavam crescendo”, conta Beatriz.
Um dia, Sidenei escutou no rádio que tinha um programa que financiava terra para agricultores como ele. Procurou o sindicato de trabalhadores rurais de Santa Helena (PR) e lá conheceu o Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF). “Queríamos melhorar o rebanho, mas na terra dos outros isso não era possível, por isso sabíamos que esse programa era nossa grande chance”, diz a agricultora.
Foi então que, em 2013, Sidenei e o filho mais velho, Pablo, adquiriram pelo PNCF cerca de 6,5 hectares cada, em áreas vizinhas. Com o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), eles compraram mais novilhas, aumentando para 20 cabeças o pequeno rebanho que tinham anteriormente.
Porém, um ano depois de entrar na terra Sidenei sofreu um acidente e faleceu. E antevendo seu destino, deixou ensinamentos preciosos aos filhos e uma responsabilidade enorme para a viúva, que teria pela frente o desafio de dar continuidade aos projetos iniciados pelo marido e cultivar nos filhos o mesmo amor que sempre tiveram pela lida na roça.
E assim foi feito. Juntos, Beatriz, Pablo e Eduardo tocam a produção de leite, que nos últimos cinco anos teve um aumento significativo. “Hoje nosso rebanho é de 74 cabeças e dessas, 39 estão em lactação, produzindo em média 350 litros de leite por dia, que vendemos para um laticínio de Missal. Por conta do aumento na produção, recentemente fizemos a nova sala de ordenha e o galpão, ambos com recurso do Pronaf Investimento”, conta Pablo.
Com o aumento na venda do leite a renda da família mais que dobrou e o lucro obtido foi todo investido em maquinário para auxiliar na lida com o gado. “Compramos dois tratores, máquina de feno, plantadeira e outras máquinas para facilitar nosso trabalho”, acrescenta Pablo.
Eduardo, agora homem feito, confessa que chegou a pensar e ir trabalhar na cidade, mas com o êxito da propriedade ele desistiu. “A gente que é do campo só sai da terra quando ela não dá dinheiro, mas como aqui estamos conseguindo um bom retorno, não tenho a menor vontade de sair. Penso em fazer um curso técnico ou veterinária, mas apenas para melhorar a qualidade do que produzimos aqui”.
“Ficar no interior e ganhar dinheiro com o que se sabe fazer de melhor, pondo em prática o que se vivenciou desde pequeno, é muito gratificante”, conclui Pablo.
Família unida
Sempre em parceria, eles plantam milho e pasto para silagem e frutíferas. Para consumo, criam porco, galinha e peixe e cultivam hortaliças, legumes e tubérculos.
“Nosso sonho não acabou, queremos agora ampliar a área. A ideia é que o Eduardo compre uma terra pelo Credito Fundiário aqui perto, para que possamos crescer ainda mais. O que só será possível porque os meninos são dedicados e amam estar na terra e porque existe o Crédito Fundiário, que nos permite sonhar”, diz a matriarca, orgulhosa dos filhos que criou.
Como projeto de futuro, a família Rosso pretende criar suínos, atendendo a uma forte demanda das cooperativas no noroeste paranaense, região líder nesse mercado.
Fonte: Canal Rural