Agrorobótica promete que o serviço estará disponível em breve no mercado e será economicamente acessível ao produtor rural
Cientistas brasileiros desenvolveram um equipamento capaz de analisar solos de forma rápida, limpa e economicamente acessível ao produtor rural. A inovação não gera resíduos químicos e pode fazer a análise de 1.500 amostras por dia, fornecendo dados de quantidade de carbono orgânico do solo, textura (teores de areia, silte e argila) e pH.
O equipamento, batizado de AGLIBS, é o primeiro resultado da parceria da Embrapa Instrumentação (SP) com uma startup voltada ao agronegócio, que levou à criação da Agrorobótica, fundada em 2015. O desenvolvimento começou após a empresa observar que muitos agricultores não faziam a análise de solo devido ao seu alto custo e, por isso, aplicacavam insumos agrícolas sem recomendações agronômicas, gerando falta ou excesso de corretivos e fertilizantes nas lavouras.
A previsão da Agrorobótica é que a nova tecnologia esteja disponível no mercado ainda neste primeiro semestre, e que possa avaliar em tempo real, em laboratório, as amostras de solo, enquanto as análises convencionais demoram alguns dias para fornecer resultados.
De Marte para o campo
A novidade usa a mesma tecnologia do Rover Curiosity, o robô da agência espacial norte-americana (Nasa) para averiguar a presença de água em Marte. É a espectroscopia de emissão óptica com plasma induzido por laser. A sigla dessa tecnologia, Libs, explica o nome do novo equipamento.
Em nota, a pesquisadora da Embrapa Débora Milori explicou como a tecnologia funciona. “O sistema Libs dispara um laser de alta energia na amostra, gerando um plasma que emite luz oriunda dos átomos e íons presentes no solo”, diz. “A emissão de luz de cada elemento é como uma impressão digital que possibilita identificar o átomo que está no plasma. Dessa forma, é possível quantificar carbono, nutrientes e contaminantes do solo".
A doutora em física Aida Bebeachibuli Magalhães, sócia da Agrorobótica, explica que a capacidade operacional do equipamento permite que ele faça cerca de 360 mil análises anuais de amostras, realizadas sem gerar resíduos químicos. “Esse volume é quase o dobro de análises realizadas por grandes laboratórios que utilizam metodologia tradicional no Brasil, envolvendo 13 processos”, afirma a cientista, ressaltando que com a nova tecnologia é realizado um único processo.
Para fazer a tecnologia chegar ao produtor, a Agrorobótica aposta em um sistema de franquia, que deve contar com laboratórios, cooperativas, revendas e empresas envolvidas com agricultura de precisão. O produtor encaminhará suas amostras de solo para um franqueado e o resultado será enviado para uma central de análise da empresa, que responderá com os resultados das características do solo e as recomendações em relação ao seu uso.
Fonte: Globo Rural