Quedas consecutivas em 2017 fizeram o preço do litro operar abaixo de R$ 1 por muito tempo, o que causou prejuízo aos pecuaristas
Mesmo com preço em alta por dois meses consecutivos, o preço do leite nas principais bacias leiteiras do Brasil continua desagradando o setor produtivo. A principal reclamação é que o valor pago pelo litro não cobre os custos da produção, como é o caso do produtor José Roberto Sebastiani, que teve que adiar mais uma vez a reforma no curral por falta de dinheiro.
“O prejuízo na minha propriedade só não foi maior porque tenho uma base de premiação por qualidade, volume e distância da cooperativa para qual eu forneço. Essa premiação chega a 25 centavos a mais por litro de leite,e com isso eu acabei recebendo R$ 1,19 em fevereiro por litro”, contou.
O preço do leite voltou a subir em fevereiro após oito meses de queda. Em março, subiu um pouco mais e, segundo indicadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o valor pago aos produtores na média Brasil foi de R$ 1,07, o que é quase 11% menor na comparação com o mesmo período de 2017.
Para a analista Natália Grigol , as cotações atuais não cobrem o custo de produção. “Foram muitos meses de queda de receita no ano passado e a maior parte dos produtores encontra-se descapitalizado e desmotivado. Tivemos muitos meses abaixo de R$ 1,00, o que é mais barato do que água, o que fez com que muitos produtores saíssem da atividade”, contou.
O produtor, por exemplo, calcula que o custo da produção saiu entre 4% 6% neste começo de ano. “Em termos de alimentação gira em torno de R$ 60 e o total, incluindo mão de obra, energia, desinfetantes, medicação e veterinário vai em torno de R$ 1,10 por litro”, contou.
A boa notícia para o setor é que em março o leite longa vida, produto que é negociado entre indústria e varejo, subiu 8,5%. O aumento nas cotações deste produto reflete positivamente no pagamento aos produtores. “A expectativa é de alta nos próximos meses, isso porque estamos começando a entrar no período de entressafra e a produção deve reduzir bastante. Neste ano, vimos produtores mais desestimulados e produzindo mesmo, o que deve reduzir a oferta e favorecer as negociações”, completou Natália.
Fonte: Canal Rural