Durante todo o processo de fabricação, os produtores precisam tomar diversos cuidados sanitários
A variação de culturas na horta de dois hectares de Eurípedes Almeida e Norma Siqueira, em Brasília (DF), garante maior resistência a pragas. Os dois agricultores, que se dedicam à atividade há 15 anos, seguem sem ocorrências graves.
A rotação de culturas, acompanhada do plantio direto nos resíduos vegetais e ausência de aplicação de defensivos são três características da plantação orgânica, com certificação e reconhecimento público. Apesar de qualquer um dos alimentos poder ser consumido direto dos pés, o objetivo aqui é outro: a fabricação de temperos.
A transformação das leguminosas, frutas e hortaliças em temperos começa nas agroindústrias. A primeira etapa é a lavagem dos produtos com hipoclorito de sódio. De acordo com Norma, mesmo sendo orgânico, o produto tem uma sujeira, que é esterco, adubo ou algum inseto. “O hipoclorito tira todas as impurezas que existem e fica perfeito para ser consumido”, diz a produtora.
O passo seguinte consiste em formatar os alimentos: no caso das folhagens, os galhos maiores são retirados. Permanecem apenas aqueles menores, que unem algumas folhas. Já as frutas e legumes são cortados. Em alguns, a casca é mantida, como nos limões.
Depois de prontos são colocados em máquinas de desidratação. Os alimentos são expostos a uma temperatura média de 50ºC, não muito elevada, para não queimar nada nem perder nutrientes. A intenção é apenas retirar a água. As folhagens ficam na máquina cerca de 12 horas. As frutas, que têm mais líquido, chegam a ficar na máquina por 40 horas.
Só depois de tudo isso é que os temperos são embalados e ganham a aparência típica nas gôndolas de supermercado.
“Quem experimenta o tempero desidratado dificilmente volta para o in natura. São diferentes, mas existe a facilidade de você usar. E ele tem até mais sabor, porque não tem água. Então, vai absorver água do alimento, vai dar um sabor maravilhoso”, destaca Norma.
A fabricação de temperos agrega valor à produção. É por conta da possibilidade de aumento de renda que a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) capacita produtores para o trabalho em agroindústrias. Já são mais de 60 só no Distrito Federal.
A quantidade de instalações, como a do casal, é tão grande quanto as exigências sanitárias para uma certificação de boas práticas de processamento. Tudo para garantir qualidade na mesa do consumidor. “Por meio da implantação e desenvolvimento das boas práticas de fabricação, ele consegue diminuir os riscos de contaminação do alimento”, explica a extensionista da Emater Sônia Cascelli.
Fonte: Canal Rural