Com local climatizado, água e comida a vontade, as galinhas são criadas soltas e possuem horário para descanso
A produção de ovos de galinhas livres de gaiolas é uma tendência mundial e uma exigência que, em breve, as indústrias vão fazer aos produtores brasileiros. Uma fazenda em Itirapina, no interior de São Paulo, apostou neste tipo de produção e conseguiu diversos benefícios.
Com local climatizado, água e comida a vontade, as galinhas são criadas soltas. No aviário, a concentração é de seis aves por metro quadrado para garantir o bem-estar. Elas também podem circular nos piquetes durante o dia como forma de lazer. Já produção é em horários específicos e com intervalo de oito horas para descanso.
“Nós costumamos dizer aqui que o nosso foco é a galinha, o ovo é consequência. Pensando nisso, a gente entra com a questão do bem-estar animal muito forte. O colaborador tem por objetivo olhar a galinha mesmo, ele vai no aviário e tem esse cuidado minucioso de olhar box a box, lote a lote”, explica o coordenador de produção da fazenda, Rodrigo Cobrelo.
Na propriedade, as aves são trazidas para o aviário com 15 semanas de vida, antes disso elas ficam no barracão de cria. Elas são treinadas desde cedo para produzirem no sistema automatizado, que evita ao máximo o contato humano com os ovos. Em relação ao manejo sanitário, estão inclusos sete vacinas e o uso de homeopatia para reduzir o stress.
“Esse treinamento que nós fazemos basicamente se resume em trazer essas aves para o aviário de produção com 13 até 15 semanas, no máximo, para que elas tenham um período que é até 19 ou 20 semanas, que a gente chama de período de adaptação. Feito isso, eu tenho uma incidência menor de ovo cama e ela passar a chocar mais ovos dentro dos ninhos”, diz Cobrelo.
Todos esses “mimos” garantiram também longevidade ao sistema “Enquanto um tradicional trabalha de 70 a 80 semanas, aqui eu vou 15 a 20 semanas a mais, ou seja, 95 semanas de média dos lotes. Nesse período de produtividade, eu tenho 84% de postura. Em números falamos de 375 a 380 por ave alojada”.
Produção de ovos orgânicos
Com um mercado que cresce 20% ao ano, a fazenda optou também por criar, aliado à produção sem gaiolas, ovos orgânicos. Hoje, ela é a maior neste tipo de produto do Brasil. Como a alimentação das aves precisa ser livre de agroquímicos, a própria fazenda planta o milho que é utilizado na ração. O consumo por mês é de 250 toneladas.
“Hoje a gente produz entre 500 e 470 hectares de milho. De soja, a gente pretende começar no próximo ano mais ou menos 150 hectares e isso representa de 50% a 60% da nossa demanda que nós temos de milho”, diz o diretor da fazenda, Fernando Bicaletto.
O sistema deu tão certo que eles pretendem aumentar em 40% a capacidade produtiva no próximo ano para atender a demanda para atender esse mercado.
“A gente percebe o consumidor brasileiro cada vez mais preocupado com aspectos do consumo consciente. Ele quer saber a origem do ovo, como é tratado o animal e isso faz com que o setor de ovos especiais e orgânicos tenham um crescimento robusto na casa de 40% o ano passado. A gente prevê isso para esse ano porque o consumidor está cada vez mais se atentando a esses aspectos”, afirma.
Fonte: Canal RUral