Arroba do boi gordo chegou a atingir R$ 150 e, agora, permanece acima dos R$ 140, apontando um cenário melhor para o fim do ano
Em função dos preços baixos do boi gordo no mercado futuro entre maio e junho, o primeiro giro de confinamento foi negativo para o setor. Com a recuperação dos valores, que estão acima dos R$ 140 por arroba, o segundo ciclo anima os pecuaristas.
"Aqueles preços de R$ 123 por arroba ficaram para trás, e nós voltamos para um patamar de R$ 146. É uma dinâmica que coloca margem nos financiamentos e desenha uma cara bem melhor em termos de oferta para o final do ano", afirma o analista de mercado Cesar Castro.
As exportações de carne bovina cresceram neste segundo semestre, contrariando os primeiros seis meses do ano, que registraram uma queda de 10% nas vendas para o exterior.
De acordo com o analista, os compradores internacionais voltaram com força a partir de julho. Segundo ele, essa retomada da demanda externa mudou o cenário e começou a gerar um saldo positivo em agosto.
“É possível que isso seja em parte pela alta competitividade do boi brasileiro, o mais barato em dólares no mundo. Há uma escassez generalizada de carne bovina no mundo. A Austrália, nosso principal concorrente, está se recuperando. Então, o Brasil é candidato natural a ser um fornecedor forte”, explica Castro.
O analista de mercado José Vicente Ferraz diz que o mercado está passando por uma crise econômica muito forte, comprometendo o poder de compra. "Ele procura carne mais barata: frango, ovo, tentando adequar a disponibilidade de dinheiro à necessidade de consumo. Um problema que impede uma maior alta de preço e uma restrição de oferta”, diz.
Impacto das investigações
Os analistas apontam que o mercado não reagiu aos últimos acontecimentos, como a prisão de executivos do grupo que controla o frigorífico JBS. Castro explica que a empresa tem honrado os pagamentos aos pecuaristas e voltou a abater em um nível relativamente normal.
"Mas esta incerteza de como vai ficar a JBS bovinos no Brasil, o ritmo de compra de gado desta parte da empresa, que é totalmente dependente de crédito e demanda a quantidade dos ativos que foram anunciadas e uma boa relação com os bancos, para que o crédito possa fluir e a empresa possa cumprir com os contratos de exportação e permanecer no jogo”, diz Castro.
Ferraz esclarece que do ponto de vista das pessoas físicas presas, não faz tanta diferença para o pecuarista. "O importante é se a empresa continuará tendo a credibilidade junto aos pecuaristas de que honrará os compromissos que tem", pontua.
Fonte: Canal Rural