Mecanização e novas tecnologias reduzem vagas no campo, acirrando competição e estimulando busca por qualificação
O número de pessoas empregadas no campo no Brasil vem diminuindo em consequência da mecanização e do uso de novas tecnologias. Quem permanece no setor, entretanto, tem conseguido salários melhores, através da maior qualificação. É em busca de empregos melhores que os trabalhadores procuram cursos do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) oferecidos por sindicatos rurais.
O professor da GV Agro Felipe Serigatti afirma que, atualmente, o trabalhador do agronegócio é mais profissionalizado. “Cada vez mais se tem exigido que saiba operar uma máquina, que saiba absorver conhecimentos novos, que consiga pegar essa tecnologia e aplicar no sistema produtivo”, diz.
Lucas Santos de Melo é formado em educação física, mas resolveu atuar no agronegócio. Ele foi buscar especialização na nova área em um curso ministrado no sindicato rural de Capão Bonito (SP).
“É difícil sair daquilo que você estudou durante um bom tempo para fazer outra coisa. Mas tem que sair da zona de conforto mesmo, para conseguir algo melhor. E está valendo bastante a pena", diz Melo.
Os números mostram que, com a diminuição no número de profissionais, a competitividade é cada vez maior no setor. De acordo com números da GV Agro, em 2012, eram mais de dez milhões trabalhadores no agronegócio brasileiro; em 2017, são cerca de 8,5 milhões de pessoas ocupadas na agropecuária. Por outro lado, o rendimento cresceu: há cinco anos, o ganho médio era de R$ 1.000 e, hoje, é de R$ 1.200 – ainda assim, abaixo da média geral de salários do país, que é de R$ 2.000. Os rendimentos da agropecuária aumentaram 5% no período, enquanto que, na soma de todos os setores da economia, o aumento foi de somente 1%.
O coordenador de cursos do Senar, Gilberto Augusto Rodrigues, Este coordenador de cursos do serviço nacional de aprendizagem rural afirma que a entidade mantém até um programa para o jovem agricultor do futuro. “A meta desses jovens é trabalhar em alguma área voltada ao agronegócio, tanto em agricultura, pecuária como prestação de serviços”, diz.
Além de conhecimento na área, um bom currículo também ajuda quem quer progredir no setor. A coordenadora de RH Carolina Silva orienta os profissionais a colocarem no material as experiências e cursos mais recentes e ligados ao agronegócio. Ela recomenda entregar o currículo de papel, com no máximo duas páginas, mas também indica fazer cadastros pela internet.
“Ele (o candidato) precisa mapear as empresas onde quer deixar o currículo e entrar no site, que sempre tem o trabalhe conosco. É importante não ter preguiça para fazer esse cadastro, colocando todas as informações (solicitadas). Quanto mais completo o cadastro, melhor.”
A especialista lembra que as oportunidades do agronegócio estão concentradas no interior do país. Por essa razão, é valioso deixar muito claro no currículo que o candidato está disponível para mudar de cidade.
“É importante colocar no currículo que este profissional está disponível para mudar de cidade, mudar de setor, então ele precisa deixar isto muito claro. Porque “Muitas vezes, aquela vaga é para determinada cidade e o endereço está a uma distância significativa. É importante colocar ‘disponível para mudar, tenho contato e fácil acesso a esta região’. Se ele não deixar isso claro, pode ser desclassificado”, diz.
Não são apenas os empregados que vêm buscando maior qualificação. O produtor rural Juscelino Alves de Oliveira integra uma turma do curso de empresário rural. Ali, os proprietários rurais aprendem a resolver problemas do dia a dia e a planejar o crescimento do negócio.
Oliveira pretende expandir a produção de ovos e começar a produzir tilápia e banana. E já entendeu que terá que contratar ajuda para chegar a esse resultado. “Se é pra crescer, tem que ter funcionário. Senão, você não consegue fazer tudo. Quando é pequeno sim, mas, depois que vai crescendo, aí precisa", conta.
Fonte: Canal Rural