O mercado cafeeiro vive um cenário desafiador com a safra colhida do Brasil abaixo do esperado, estoques globais praticamente zerados, instabilidades climáticas e a taxação sobre as exportações brasileiras.
Todos estes fundamentos mantiveram os preços do café com fortes oscilações ao longo do mês de setembro de 2025.
Segundo informações do Cepea, a safra de 2026/27 do Brasil é bastante aguardada como uma alternativa para melhorar os estoques, com isso, qualquer possibilidade de redução do potencial desta produção vem contribuindo para a grande insegurança no mercado e intensificando a atual volatilidade.
Indicadores do CEPEA/ESALQ destacam que o mercado físico também apresentou fortes oscilações ao longo do último mês. O arábica tipo 6, bebida dura para melhor, posto na capital paulista, recuou quase R$ 200 por saca de 60 kg (queda de 8,4%), e o robusta tipo 6, peneira 13 acima, a retirar no Espírito Santo, caiu mais de R$ 190 por saca (recuo de 12,51%), no dia 30 de setembro.
O Indicador do arábica encerrou o último mês com média de R$ 2.237,80/sc, registrando assim alta de 11,44% frente à do mês anterior, e do robusta, a média fechou em R$ 1.373,39/sc, avanço de 9,84%.
Porém, mesmo registrando forte valorização, os produtores brasileiros estão comercializando de forma cautelosa, ainda à espera de valores mais atrativos. O mercado interno segue lento, com negócios acontecendo “da mão para a boca”.
De acordo com o analista de café da Datagro, Daniel Pinhata, os cafeicultores estão aguardando maior clareza em relação às estimativas para a safra 2026/27, a fim de manter ou aumentar suas margens. “Apesar dos indicadores mostrarem uma melhora em comparação ao ciclo anterior, com chuvas registradas em setembro e previsão de temperaturas mais amenas e precipitações para os próximos dias, ainda é cedo para projeções precisas, sendo importante acompanhar como essas condições se comportarão até meados de fevereiro. Até o momento, estimamos cerca de 50% da safra 2025/26 já comercializada e 10% da safra 2026/27”, completou o analista.
Boletim do Escritório Carvalhaes aponta que mesmo existindo o interesse do comprador para todos os tipos de café, o volume negociado permanece abaixo do usual para esta época de entrada de uma nova safra no mercado.
“As fortes e repentinas oscilações nas bolsas de NY e Londres estão dificultando a formação de preços e o fechamento de um volume maior de negócios. No momento, são poucos os produtores dispostos a vender nas bases de preços oferecidas pelos compradores”, explica ainda o documento.
Para o especialista no mercado de café de Safras & Mercado, Gil Barabach, a movimentação no mercado físico brasileiro está em compasso de espera diante das incertezas climáticas, e por conta da pressão da tarifa de 50% imposta sobre as nossas exportações aos EUA, “o mês de outubro já é um mês de transição, de definição em relação à questão de floradas, e que deixa as negociações mais lentas. Mas, um fator que contribui muito com essa cautela, principalmente do vendedor, é a questão das tarifas. Seguimos na expectativa se vai entrar ou não vai entrar o café na lista de isenções. Então, tudo isso mexe com a cabeça dos produtores, e mantém essa postura mais cautelosa tanto do comprador, quanto do vendedor”, afirmou o especialista.