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CNA debate impactos da investigação comercial dos EUA sobre o Brasil
Comissão aconteceu no Senado, na quarta (24)
Publicado em 25/09/2025 13:21
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A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), participou, na quarta (24), de audiência pública no Senado, na Comissão Temporária Externa para Interlocução sobre as Relações Econômicas Bilaterais com os Estados Unidos (CTEUA).

A comissão discutiu os desdobramentos da investigação conduzida pelo Escritório do Representante Comercial dos EUA (USTR), amparada na Seção 301 da Lei de Comércio norte-americana, contra o Brasil. A audiência foi solicitada pela relatora da comissão, senadora Tereza Cristina (PP-MS), e reuniu economistas, diplomatas, consultores e representantes do governo, da indústria e da agricultura.

Durante sua participação, a diretora-adjunta de Relações Internacionais da CNA, Fernanda Maciel, destacou a relevância dos Estados Unidos como parceiro comercial do agronegócio brasileiro. Segundo ela, o país é o terceiro principal destino das exportações do setor, e absorve 7,4% de tudo o que o Brasil vende ao exterior, o que correspondeu a US$ 12 bilhões em 2024.

Do total do comércio bilateral, cerca de 30% envolvem produtos agropecuários. Entre os principais itens exportados estão celulose, suco de laranja, carne bovina in natura e açúcar de cana.

Fernanda também chamou a atenção para os setores mais sensíveis às medidas norte-americanas, como carne bovina industrializada e in natura, café verde, etanol, suco de laranja e celulose.

“Produtos de menor volume, mas altamente dependentes do mercado norte-americano, como mel, manga e pescados, também podem sofrer grandes impactos”, disse.

A diretora-adjunta também afirmou que os efeitos da nova ordem executiva dos EUA, publicada em setembro, já são sentidos pelo setor.

“Entre janeiro e julho de 2025, as exportações brasileiras chegaram a US$8 bilhões e superaram os volumes registrados nos últimos três anos. No entanto, após a entrada em vigor das tarifas em agosto, o desempenho caiu para níveis inferiores à média do período anterior”, ressaltou.

Em sua apresentação, ela apontou que o açúcar registrou queda de 60% nas exportações e os óleos vegetais, queda de 25%.

“Em muitos casos, importadores precisaram renegociar contratos ou reduzir margens de lucro para manter compromissos, enquanto setores como a carne bovina buscaram diversificar mercados, especialmente no Chile e no Oriente Médio”.

Fernanda ainda reforçou a defesa da CNA no processo da Seção 301, e a relevância da competitividade do agro brasileiro baseada em recursos naturais, inovação e conformidade regulatória, além de seu compromisso com as normas da Organização Mundial do Comércio (OMC) e com um marco ambiental robusto.

“É fundamental garantir tratamento comercial justo com os Estados Unidos. O Brasil tem mostrado que é um parceiro confiável, que cumpre regras internacionais e oferece produtos de qualidade. O setor agropecuário brasileiro não busca privilégios, mas condições de concorrência equilibradas”.

Além da CNA, participaram da audiência o economista Marcos Prado Troyjo; o diplomata e consultor Roberto Carvalho de Azevêdo; o advogado e consultor Welber Barral; o diretor do Departamento de Política Comercial do Ministério das Relações Exteriores; Fernando Meirelles de Azevedo Pimentel, a secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Tatiana Prazeres e a gerente de Comércio e Integração Internacional da CNI, Constanza Negri Biasutti.

Fonte:

 CNA

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