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Recorde de grãos e arroba firme: ICAP de agosto mostra margens robustas no confinamento
Safra recorde trouxe grãos mais baratos em agosto, mas o apetite da pecuária e o crescimento de outras proteínas mantiveram custos acima de 2024. Ainda assim, com a arroba valorizada, as margens do confinamento seguem positivas.
Publicado em 11/09/2025 13:58
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Em agosto de 2025, o Índice de Custo Alimentar Ponta (ICAP) apresentou o mesmo comportamento nas duas principais regiões produtoras do país. No Centro-Oeste, o ICAP foi de R$ 14,14, representando uma redução de 3,02% em relação a julho, enquanto no Sudeste o índice alcançou R$ 12,53, com queda de 1,18%. Na safra 2024/2025, o Brasil consolidou recordes de produção em soja e milho, além de forte desempenho em sorgo, arroz e algodão. Essa expansão, sustentada por clima favorável, ganhos de produtividade e investimentos agrícolas, ampliou a oferta de grãos e pressionou os preços para baixo. O movimento trouxe alívio direto aos custos de nutrição no confinamento, reduzindo o ICAP em agosto. Ao mesmo tempo, o avanço das exportações de carne bovina manteve a arroba valorizada, garantindo margens positivas aos pecuaristas.

Visão trimestral dos insumos por região

Centro-Oeste

No Centro-Oeste, a redução do ICAP foi puxada pelo custo dos alimentos protéicos e energéticos, que caíram 14,75% e 4,63%, respectivamente, em relação ao trimestre anterior (maio, junho e julho). Entre os principais insumos, destacam-se as quedas do milho grão seco (-12,59%), do farelo de soja (-7,62%) e do WDG (-2,54%). O custo da dieta de terminação, a mais cara do ciclo produtivo, fechou em R$ 1.146,25 por tonelada de matéria seca, uma redução de 11,41%.

Sudeste

No Sudeste, a queda de 1,43% nos custos dos insumos energéticos em relação ao trimestre anterior foi determinante para reduzir o ICAP e o custo das dietas da região. A dieta de terminação em agosto custou R$ 1.183,40 por tonelada de matéria seca, recuo de 3,00% em relação ao último trimestre (maio-julho). Os destaques de queda foram o caroço de algodão (-9,84%), a polpa cítrica (-8,90%), o farelo de amendoim (-4,96%) e o milho grão seco (-3,42%).

Porteira pra Fora x Porteira pra Dentro

No comparativo anual, o ICAP de agosto expõe uma contradição: mesmo diante de uma safra recorde de grãos, os custos da nutrição animal ficaram acima de 2024 — alta de 3,21% no Centro-Oeste e de 12,98% no Sudeste. O motivo não está apenas na oferta, mas no apetite da própria pecuária. Com a arroba firme, mais animais foram confinados, ampliando a demanda por milho, soja e coprodutos. Essa pressão foi reforçada pelo crescimento das demais cadeias de proteína: o leite retomou fôlego, a produção de ovos avança em ritmo acelerado e suínos e frango caminham para novos recordes. Todas essas atividades compartilham de parte de insumos utilizados na pecuária de corte, mantendo os custos nutricionais firmes em 2025 nos confinamentos brasileiros.

Ao mesmo tempo, o tarifaço norte-americano, que inicialmente trouxe incertezas, acabou acelerando a diversificação das exportações brasileiras. Novos destinos se abriram, a carne seguiu fluindo e a arroba ganhou força. Assim, enquanto a agricultura entrega abundância, a pecuária responde com intensidade: mesmo com custos mais altos que em 2024, as margens permanecem robustas diante da valorização da arroba do boi gordo.

Mesmo com o boi gordo aquecido, o pecuarista precisa focar na eficiência produtiva para preservar e ampliar a lucratividade. Com base no ICAP de agosto, é possível estimar o custo da arroba produzida e prever a margem do confinamento. A estimativa considera os valores médios observados nos clientes da Ponta Agro, públicos no Report de Confinamento: dias de cocho, arrobas produzidas e percentual da nutrição no custo total. Os custos estimados são de R$ 207,50 e R$ 198,90 por arroba produzida para Centro-Oeste e Sudeste, respectivamente — patamares que permitem lucros superiores a R$ 840,00 por cabeça* na região Sudeste e R$ 780,00 por cabeça* no Centro-Oeste, considerando apenas o preço de balcão.

Para ampliar as margens, além de melhorar a eficiência produtiva, o pecuarista deve buscar bonificações junto aos frigoríficos. Atualmente, o diferencial de preço do Boi China em relação à cotação balcão varia entre R$ 5,00 e R$ 7,50, dependendo da região produtora.

 

*Estimativa de lucratividade realizada com cotação de arroba balcão, sem a adição de bonificações por rastreabilidade, padrão de qualidade e protocolos de mercado.

Fonte:

 ICAP

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