As exportações de carne bovina do Brasil devem alcançar 4,05 milhões de toneladas em 2025, um aumento de 7,14% em relação ao volume embarcado em 2024, segundo estimativa divulgada nesta terça-feira (9/9) pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec). O resultado, se confirmado, representará um novo recorde para o setor.
De acordo com o presidente da entidade, Roberto Perosa, o principal motor desse crescimento é o mercado asiático, que deve ampliar a participação nas compras. Além da China, que segue como destino central da proteína brasileira, o Vietnã se prepara para expandir suas importações após abrir seu mercado em março deste ano.
“Esperamos que 18 empresas sejam habilitadas pelo Vietnã. Estamos aguardando a análise final deles”, afirmou Perosa.
Japão na rota da carne brasileira
Outro movimento estratégico esperado é a abertura do mercado japonês. O presidente da Abiec disse acreditar em “fortes indícios” de que o anúncio pode acontecer ainda este ano, durante um “momento diplomático”. A COP 30, que será realizada em novembro em Belém (PA), foi citada como uma oportunidade para oficializar a decisão.
O reconhecimento internacional do Brasil como país livre de febre aftosa sem vacinação, concedido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) em 2025, eliminou a principal barreira que impedia a entrada da carne bovina brasileira no Japão.
“A Austrália não está conseguindo aumentar muito a produção, manda grande parte para os EUA e não consegue atender ao Japão. Isso abre espaço para o Brasil”, explicou Perosa.
Novos mercados no horizonte
Além da Ásia, o Brasil também negocia a abertura do mercado de carne bovina na Turquia, embora ainda haja entraves técnicos a serem solucionados. Outro país que pode ganhar importância é o México, especialmente em meio à guerra comercial travada com os Estados Unidos.
Menor rebanho, maior produtividade
Apesar do avanço nas exportações, o tamanho do rebanho bovino brasileiro deve recuar de 193,92 milhões de cabeças em 2024 para 192,54 milhões neste ano, segundo levantamento da Abiec com base em dados da consultoria Athenagro. Ainda assim, a produção total de carne bovina deve atingir 11,48 milhões de toneladas, número próximo ao registrado em 2024 (11,81 milhões).
“A variação na produção de carne será pequena e ainda pode se transformar em um leve aumento, devido ao ganho de produtividade, já que os animais estão mais pesados”, destacou o dirigente.
Consumo doméstico em queda
No mercado interno, o consumo de carne bovina foi estimado em 7,49 milhões de toneladas para 2025, abaixo dos 8,09 milhões registrados em 2024. Segundo Perosa, a redução não está ligada apenas aos preços, que seguem estáveis, mas também a fatores conjunturais.
Um deles foi o embargo temporário das exportações de carne de frango em maio, devido a um foco de gripe aviária. O episódio aumentou a oferta da proteína no mercado interno, deslocando parte da demanda.
A jornalista viajou a convite da Abiec.
FONTE: GLOBO RURAL