O Brasil vive uma crise na conservação dos jumentos, cuja população caiu 94% desde 1999, passando de 1,37 milhão para apenas 78 mil animais. Um grupo de 12 cientistas brasileiros e internacionais alerta para uma “emergência iminente e irreversível” e enviará uma carta ao governo pedindo a suspensão imediata do abate, concentrado principalmente na Bahia, que entre 2018 e 2024 matou ao menos 248 mil animais para exportação de peles à China, usadas na produção do ejiao.
O documento destaca dez razões para encerrar a prática, incluindo o valor genético único do jumento nordestino, sua importância cultural e ecológica, riscos sanitários, denúncias de exploração de trabalho e impactos negativos à imagem do agronegócio. Pesquisadores também lembram que já existem alternativas tecnológicas ao uso de peles, como a produção de colágeno por fermentação de precisão.
A mobilização é liderada pela ONG The Donkey Sanctuary, em parceria com universidades e entidades brasileiras. Projetos de lei que buscam proibir o abate tramitam no Congresso Nacional e na Assembleia da Bahia, mas enfrentam resistência por alegados impactos econômicos. Os especialistas defendem que a Constituição obriga a proteção da fauna e pedem a suspensão imediata da atividade até que haja dados claros sobre a população remanescente e seu bem-estar.