Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier
SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - A indústria do Brasil mostrou mais perda de força no início do terceiro trimestre e voltou a recuar em julho, em um cenário marcado por política monetária restritiva e pela guerra comercial dos Estados Unidos.
A produção industrial caiu 0,2% em julho na comparação com o mês anterior, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira.
Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, houve avanço de 0,2% da produção. Com esses resultados, o setor está 15,3% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011.
Os resultados ficaram em linha com as expectativas em pesquisa da Reuters de recuo de 0,2% na comparação mensal e de ganho de 0,3% na anual.
A indústria brasileira saiu de uma estagnação no primeiro trimestre do ano para crescer 0,5% de abril a junho, porém com o resultado concentrado na atividade de indústrias extrativas, de acordo com os dados do PIB divulgados pelo IBGE na terça.
A indústria brasileira vem mostrando dificuldades para deslanchar este ano, diante de um cenário de política monetária restritiva com a taxa básica de juros Selic em 15% agravado agora pela política comercial dos Estados Unidos, com taxas de 50% sobre os produtos brasileiros que entraram em vigor em agosto.
"Já são quatro meses sem crescimento da indústria, mostrando perda de tração. A política monetária com juros mais elevados traz uma série de consequências, com crédito mais escasso e caro, mais inadimplência, afeta decisões de consumo e investimentos de família e indústria", destacou o gerente da pesquisa, André Macedo.
"O tarifaço veio só em agosto na prática, mas é claro que ele afeta decisões, expectativas e confiança futuras sobre investimentos e consumo. Algumas plantas industriais já foram afetadas em julho pelo tarifaço, mas a queda (da produção) está mais ligada à política monetária", disse.
A pesquisa do IBGE mostrou que, em julho, 13 das 25 atividades industriais apresentaram queda de produção sobre o mês anterior. Metalurgia exerceu o maior impacto, com recuo de 2,3%, mas também destacaram-se as quedas em outros equipamentos de transporte (-5,3%), de impressão e reprodução de gravações (-11,3%) e de bebidas (-2,2%) entre outros.
Entre as categorias econômicas, bens de consumo duráveis e bens de capital registraram taxas negativas em julho sobre o mês anterior, respectivamente de 0,5% e 0,2%.
Já a produção de bens intermediários aumentou 0,5% e a de bens de consumo semi e não duráveis subiu 0,1%.
Fonte:
Reuters