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Matopiba recebe investimentos em etanol de milho
Publicado em 25/08/2025 14:30
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A região do Matopiba, que abrange áreas do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, está entre os principais destinos de novos investimentos no setor de etanol de milho no Brasil. O avanço, no entanto, traz o desafio de assegurar oferta suficiente de cereal para atender à demanda das novas usinas.

Diferentemente de Mato Grosso, onde o clima favorece a produção da segunda safra após a colheita da soja, o Matopiba apresenta condições menos adequadas para o cultivo no inverno. Nesse cenário, especialistas avaliam que pode ser necessário fomentar a produção de milho no verão para equilibrar oferta e consumo.

Atualmente, a região ainda dispõe de excedente do grão, mas a entrada de novas indústrias tende a absorver boa parte desse volume, caso a produção não cresça. De acordo com Lucas Brunetti, analista da Consultoria Agro do Itaú BBA, uma alternativa para as empresas é estabelecer contratos de fornecimento de longo prazo com produtores locais. Ele aponta ainda que o plantio de sorgo na segunda safra pode ser uma opção, já que a cultura é mais adaptada às condições climáticas e pode substituir o milho na fabricação de etanol.

Para Guilherme Theodoro, gerente de crédito do Itaú BBA, os projetos na região só se sustentam com estratégias de estímulo direto à produção, uma vez que a antecipação de compras e o armazenamento do cereal representam custos adicionais. Segundo ele, a menor disponibilidade de milho no Matopiba em comparação ao Centro-Oeste constitui uma das barreiras de entrada para novos investidores.

Além do Matopiba, há iniciativas em andamento no Sul do país e em outras áreas de Mato Grosso. Até o início da década, a maior parte das usinas foi instalada no eixo da BR-163, devido à logística favorável. Agora, projetos estão sendo direcionados também para regiões como o Vale do Xingu.

 

A expansão das plantas industriais deve ampliar a oferta de etanol em áreas onde o consumo atual é reduzido. A expectativa é que parte da produção seja destinada ao etanol anidro, utilizado na mistura obrigatória à gasolina, que passou para 30%. No Rio Grande do Sul, a produção adicional deve se concentrar no anidro, enquanto em outros Estados pode haver também produção de hidratado, que poderá ser consumido localmente ou direcionado a regiões com maior demanda.

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