O clima afetou o rendimento das lavouras de café na safra 2025, atualmente em fase final de colheita, segundo a Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé). Entre fevereiro e maio, altas temperaturas e déficit hídrico comprometeram a fase de granação, resultando em grãos de tamanho normal, porém mais leves. Com isso, os produtores precisam de mais grãos para completar a saca de 60 quilos.
Segundo o engenheiro-agrônomo e coordenador de geoprocessamento da Cooxupé, Guilherme Vinícius Teixeira, houve aumento de 10% na ocorrência de grãos moca — frutos com apenas um grão desenvolvido. Apesar da redução no rendimento, o cenário é melhor que em 2024, quando houve quebra de safra: este ano, são necessários 553 litros para encher uma saca, contra 503 litros no ano passado.
Teixeira destacou que as geadas registradas em julho em algumas regiões de Minas Gerais não impactaram a safra atual, mas podem afetar a de 2026. As chuvas de junho e julho anteciparam o desenvolvimento dos botões florais, fazendo com que parte da florada da próxima safra já esteja aparecendo junto com a colheita atual.
Para o agrometeorologista Marco Antônio dos Santos, da Rural Clima, a menor ocorrência de estresse hídrico neste ano pode gerar múltiplas floradas, o que pode prejudicar a qualidade, já que haverá grãos em diferentes estágios de maturação. Ele prevê ainda que o fenômeno La Niña atue entre 2025 e 2026, trazendo mais chuvas no verão do Sudeste e outono/inverno mais quentes e secos no próximo ano.
Até 8 de agosto, a Cooxupé já havia colhido 80,4% da área total, contra 87,3% no mesmo período de 2024. O avanço varia conforme a região: Sul de Minas (83,9%), Cerrado Mineiro (75,2%), Matas de Minas (85%) e São Paulo (72,4%).
Tarifa dos EUA sobre café brasileiro
O presidente da Cooxupé, Carlos Augusto Rodrigues de Melo, afirmou que, além da produção abaixo do esperado, outro desafio é a tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos ao café brasileiro. Segundo ele, a cooperativa mantém conversas com clientes americanos e aposta que o país não abrirá mão do produto brasileiro, já que consome cerca de 25 milhões de sacas por ano.
FONTE: G1
