UNIAGRO
USDA contraria mercado e reduz previsão de safra de soja nos EUA
Para o trigo, estimativa é de queda na produção e de estoques globais na safra 2025/26
Publicado em 12/08/2025 13:45
Boletim
O USDA reduziu em 1%, para 116,82 milhões de toneladas, a projeção para a colheita de soja nos EUA em 2025/26 — Foto: Preston Keres/USDA

Por Paulo Santos e Gabriella Weiss— São Paulo e Campina Grande (PB)

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) reduziu nesta terça-feira (12/8) sua previsão para a safra global de soja em 2025/26 para 426,39 milhões de toneladas, ou 0,3% a menos que o dado projetado pelo órgão em julho. Nessa mesma comparação, a previsão para as exportações globais caíram 0,1%, para 187,44 milhões de toneladas, enquanto a estimativa para os estoques finais cederam 0,9%, devendo alcançar 124,9 milhões de toneladas.

O principal número do relatório mensal do USDA veio para a produção americana. O USDA reduziu em 1%, para 116,82 milhões de toneladas, a projeção para a colheita de soja no país em 2025/26. Grande parte dos analistas de mercado, no entanto, esperava um aumento em relação ao dado de julho, ao considerar as boas condições para o desenvolvimento das lavouras no país.

Em seu boletim mensal, o USDA disse que a redução no tamanho da safra foi ocasionada pela redução de área no país, que será compensada parcialmente por um rendimento melhor.

Sobre as exportações de soja dos EUA, o departamento reduziu em 2,3% a previsão mensal para 46,4 milhões de toneladas. Houve ainda um corte expressivo para os estoques finais americanos, de 6,5%, que deverão alcançar 7,89 milhões de toneladas.

Ao contrariar as expectativas de analistas de mercado, o preço da soja avançou na bolsa de Chicago e novamente foi cotado acima dos US$ 10 o bushel, às 13h19.

No caso do Brasil, maior exportador de soja do mundo, o USDA manteve sua estimativa em 175 milhões de toneladas, e as exportações foram mantidas em 112 milhões.

Já na Argentina, a previsão de safra permaneceu inalterada, em 48,5 milhões de toneladas. As exportações tiveram incremento de 16%, para 5,8 milhões de toneladas.

Sobre a China, maior consumidor de soja do mundo, o departamento americano manteve em 112 milhões de toneladas sua estimativa para as importações do país asiático em 2025/26.

 

Trigo

 

A produção global de trigo está estimada em 806,9 milhões de toneladas — Foto: Wenderson Araujo/CNA

O USDA indicou uma expectativa de menor oferta de trigo na safra 2025/26, além de leve retração no consumo, aumento do comércio internacional e redução dos estoques finais.

A produção global está estimada em 806,9 milhões de toneladas, uma redução em relação à previsão anterior de 808,55 milhões de toneladas. A queda na oferta total, projetada em 1,06 bilhão de toneladas, se deve principalmente à menor produção em países como China, Brasil e Argentina, mesmo com um aumento nas previsões para a União Europeia.

Na China, maior produtor mundial de trigo, a estimativa de produção foi reduzida de 142 milhões para 140 milhões de toneladas. O ajuste foi baseado em dados do Escritório Nacional de Estatísticas, que indicam rendimentos abaixo do esperado.

O Brasil também teve sua produção revisada para baixo, passando de 8 milhões para 7,5 milhões de toneladas. Com isso, o país deve aumentar suas importações de trigo de 6,7 milhões para 7 milhões de toneladas, enquanto as exportações foram ajustadas para baixo, mantendo os estoques finais em 2,08 milhões de toneladas.

Na Argentina, a produção foi reduzida de 20 milhões para 19,7 milhões de toneladas, mas as exportações foram mantidas em 13 milhões de toneladas. Já os estoques finais foram revisados de 4,65 milhões para 4,35 milhões de toneladas.

Nos Estados Unidos, a estimativa de produção caiu levemente, de 52,49 milhões para 52,45 milhões de toneladas. As exportações, por outro lado, foram elevadas de 23,13 milhões para 23,81 milhões de toneladas.

A União Europeia teve a maior revisão positiva, com a produção estimada em 138,25 milhões de toneladas, ante 137,25 milhões na projeção anterior. Caso confirmado, será o maior volume desde a safra 2021/22, impulsionado por condições climáticas favoráveis em países como Romênia e Eslováquia.

Austrália, Rússia e Ucrânia mantiveram suas projeções de produção em 31 milhões, 83,5 milhões e 22 milhões de toneladas, respectivamente. No entanto, os estoques finais da Ucrânia foram revisados de 1,59 milhão para 0,93 milhão de toneladas.

O consumo global foi ajustado para 809,5 milhões de toneladas, uma redução de 1,1 milhão em relação à estimativa anterior. O recuo se deve principalmente à menor utilização como ração e perdas residuais na China, Indonésia e Filipinas, parcialmente compensado por um leve aumento na União Europeia.

Os estoques iniciais da safra foram reduzidos para 262,7 milhões de toneladas. Já os estoques finais globais foram revisados de 261,52 milhões para 260,08 milhões de toneladas, o menor nível registrado desde a safra 2015/16.

 

Apesar da redução na oferta e no consumo, o comércio internacional de trigo deve crescer. A previsão de exportações globais foi elevada em 0,5 milhão de toneladas, alcançando 213,5 milhões. O aumento é puxado principalmente por uma elevação nas exportações dos Estados Unidos.

 

Comentários
Comentário enviado com sucesso!