Alckmin avaliou que mesmo após a formalização do tarifaço nesta quarta-feira (30), ainda há espaço para conversas. Segundo ele, o Brasil sempre esteve aberto ao diálogo.
"É um perde-perde. Nos atrapalha em mercado, emprego e crescimento, e encarece os produtos americanos", afirmou.
Na entrevista, Alckmin também afirmou que os gastos de apoio aos trabalhadores podem ser excluídos da meta fiscal. Mesmo se retiradas do limite de gastos e da meta para as contas públicas, estas despesas elevarão ainda mais a dívida brasileira — já considerada alta para o padrão de países emergentes.
De acordo com o vice-presidente, cerca de 35,9% das exportações brasileiras aos EUA serão afetadas pela tarifa de 50%, anunciada pelo presidente Donald Trump.
Isso ocorre, segundo ele, porque:
- 45% dos produtos foram retirados da lista de aumento pelos EUA, excetuados;
- Aço e alumínio, que já tinham alíquota de 50%, assim permanecem;
- Automóvel e autopeças tinham alíquota de 25% dos EUA ao mundo inteiro, e assim continuam.
Alckmin afirmou que os Estados Unidos precisam o café brasileiro, pois são grandes consumidores do produto. Ele adiantou também que vai trabalhar para excluir, além do suco de laranja, outras frutas do tarifaço, como a manga.
“Brasil é o maior exportador do mundo, maior produtor do mundo. Vai ter de buscar outros mercados, ou vamos trabalhar com os EUA, pois é um grande consumidor de café. E eles tomam aquele café grandão, eles precisam do nosso café arábica para o blend. Primeiro trabalhar para baixar a tarifa, eles não produzem café”, disse.
Proteção aos empregos no país
O vice-presidente disse que o governo está fechando um plano de proteção aos empregos, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai “bater o martelo” sobre o assunto. Segundo ele, haverá um "conjunto de normas para preservar emprego e a produção”.
“Ninguém vai ficar desamparado. Os 35,9% efetivamente atingidos pela tarifa, dos 10% mais 40%, vamos lutar para diminuir", frisou.
"Não damos como assunto encerrado. Negociação mais forte começa agora. Segundo, vamos buscar alternativas de mercado. E terceiro, apoiar setores. Tem pescado muito atingido, mel, frutas, carne bovina e especialmente indústria. Essa é mais difícil de colocar. Tem indústria muito focada naquele mercado", prosseguiu Alckmin.
Nesse sentido, reforçou o teor da nota publicada por Lula em solidariedade ao ministro do STF.