"A gente mapeou 100% das propriedades produtoras de café na Amazônia, e isso é um marco histórico na cafeicultura mundial. Com isso, descobrimos que 99,5% das propriedades são zero desmatamento desde 2020", afirmou o presidente da Cooperativa dos Cafeicultores Associados da Região de Matas de Rondônia (Caferon), Juan Travain.
Entre os anos de 2020 e 2023, um estudo inédito realizado pela Embrapa Teritorial comprovou a sustentabilidade da cafeicultura das Matas de Rondônia. Por meio do uso da geotecnologia e com o apoio de imagens de satélite, o trabalho registrou desmatamento zero em sete dos quinze municípios da região, que é o berço do robusta amazônico, primeira variedade a receber selo de Indicação Geográfica de café canéforas sustentáveis do mundo. "Em 2020, quando fizemos o primeiro embarque de exportação, nós abrimos esse mercado, e aí realmente houve uma demanda maior por informação sobre a produção agrícola por aqui e como é, inclusive, produzir na Amazônia. E de fato essa foi uma preocupação que nos levou a procurar rapidamente a Embrapa, que realizou todo esse trabalho com a ciência do lado, com comprovação científica publicada. Sabíamos que a cafeicultura da região é sustentável, mas não tínhamos essa comprovação com base na ciência. E o estudo demonstra isso", explicou Travain.



Todos estes resultados chamaram atenção da União Européria, e a produção cafeeira local já demonstra conformidade com a Lei Européia Antidesmatamento (EUDR), que deve entrar em vigor no final deste ano.
Outro estudo lançado pela Embrapa no início deste ano, com apoio da Cicope, reforça todo este investimento na produção amazônica sustentável. O "Carbo e Café" mostra que o cafeicultor local gasta em torno de 4 toneladas de carbono para poder fazer a produção, enquanto o cafezal capta da atmosfera algo em torno de 6 toneladas. Então, os resultados deste novo estudo demonstam um sequestro de carbono positivo, ou seja, absorve mais da atmosfera do que emite durante a produção. “A gente espera que, logicamente, não vai vender só café futuramente, e sim que vamos poder vender carbono também. Estamos estudando muito, e o que temos observado é que a produção de café na Amazônia é um ativo florestal. Seremos um celeiro de café para o mundo, de maneira mais sustentável, obedecendo a todas as normas”, enalteceu ainda o presidente da Caferon.
Robustas amazônicos: Um ativo de conservação do meio ambiante para o mundo
Há 5 anos, as exportações de café robusta amazônico vêm crescendo. Em 2021, Rondônia exportou algo em torno de 4 mil sacas de café, em 2022 já foram 40 mil/sacas, 2023 um total de 101 mil/sacas, e 2024 fechou com mais de 586 mil/ sacas de café, ou seja, isso é mais que 15-20% da produção local.
Atualmente, Rondônia tem em torno de 55 mil hectares de café plantado, com a média de 65 - 68 sacas, representando uma das maiores médias do Brasil. A colheita da safra 2025 já chegou em 90%, e a estimativa é de em torno de 2,5 milhões a 3 milhões de sacas. “Houve um período de chuva bem expressivo, e com isso os grãos que permaneceram na planta estão com muita qualidade, a peneira muito alta. A gente está bem feliz com o pouco café que ficou, pois é um café de excelente qualidade, que acredito que vai impactar positivamente o mercado”, projetou Travain.
Fonte:
Notícias Agrícolas