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Síndrome da Murcha da Cana: novo desafio
O alerta se intensificou recentemente
Publicado em 29/04/2025 08:30
Notícia
O alerta se intensificou recentemente - Foto: Pixabay

Agrolink - Leonardo Gottems

Segundo o Núcleo de Estudo em cana-de-açúcar da Universidade Federal de Lavras (UFLA-MG), a Síndrome da Murcha da Cana (SMC) vem se consolidando como um dos principais desafios fitossanitários da atualidade no setor sucroenergético. A doença é resultado da associação de fungos patogênicos com fatores de estresse abiótico, como a seca, e biótico, como o ataque de pragas de solo, favorecendo a ação de organismos como Phaeocytostroma sacchari (Pleocyta sacchari), Colletotrichum falcatum e espécies de Fusarium. Esses agentes levam ao murchamento dos colmos, redução da produtividade (TCH), queda no teor de ATR e alterações no índice de Brix. 

 
 

 

Entre os sintomas característicos da SMC destacam-se o murchamento e secamento dos colmos, coloração marrom glacê no interior dos colmos, descoloração da casca, perda de ceras e entrenós avermelhados. O impacto da doença tem sido severo: em algumas áreas, perdas de até 45% na produtividade foram observadas, afetando cerca de 3 milhões de hectares no Brasil. Além da queda na qualidade da matéria-prima (pureza, Brix, Pol e AR), a SMC também provoca infecção por outros patógenos, redução da população de plantas em cana soca, diminuição da longevidade dos canaviais e aumento dos custos de produção.

O alerta se intensificou recentemente porque o fungo P. sacchari, antes considerado de importância secundária, passou a ser o patógeno mais frequentemente isolado em colmos doentes, com alta agressividade comprovada em ensaios de patogenicidade baseados nos postulados de Koch. 

 
 

 

 

Embora ainda não existam cultivares comprovadamente resistentes, algumas práticas de manejo já são recomendadas: colheita antecipada nas áreas afetadas, monitoramento constante e diagnóstico preciso, uso de fungicidas com eficácia comprovada, desenvolvimento de novas variedades e integração entre pesquisa, consultores e produtores. Em casos graves, recomenda-se a erradicação dos canaviais doentes e o descanso da área por pelo menos dois anos para reduzir o inóculo de patógenos no solo.

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