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Leite/Cepea: preço ao produtor tem segunda queda consecutiva
30/08/2019 10:18 em Notícia

Recuo acumulado da “Média Brasil” da cotação em dois meses já é de 12%, em termos reais

Os preços do leite ao produtor recuaram pelo segundo mês consecutivo, segundo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP). A “Média Brasil” líquida do preço do leite em agosto, referente à captação de julho, fechou a R$ 1,3466/litro, recuo de 4,25% frente ao mês anterior (ou de quase 6 centavos/litro), em termos reais (deflação pelo IPCA de julho/19).

Natália Grigol, pesquisadora do Cepea, lembra que as cotações do leite no campo iniciaram o movimento de baixa em julho, mas a queda acumulada nesses dois meses já é de 12%, em termos reais. Ela explica que a queda se deve à pressão das indústrias, que tiveram suas margens espremidas no primeiro semestre, por conta dos altos preços da matéria-prima e das fracas negociações dos lácteos.

A pesquisadora observa que enquanto o preço do leite no campo acumulou consecutivas altas até junho, influenciados pela oferta limitada e pela grande concorrência entre laticínios, o repasse dessa valorização aos derivados foi dificultado, devido à estagnação econômica e ao consequente consumo enfraquecido.

Segundo ela, até o momento, o comportamento do mercado lácteo está bastante semelhante ao de 2017, com preços elevados no primeiro semestre, em decorrência da oferta reduzida de matéria-prima, e queda brusca na segunda metade do ano, após a recuperação do volume de leite (safra do Sul).

A diferença entre esses anos, diz ela, parece estar centrada no fôlego da recuperação da produção. “A saída de produtores da atividade nos últimos anos e a grande insegurança em realizar investimentos de longo prazo frente às incertezas no curto prazo devem prejudicar a captação em 2019. Além disso, a safra do Sul foi menor neste ano porque as forrageiras de inverno foram prejudicadas pelo clima desfavorável.”

Os agentes entrevistados pelo Cepea comentam que a oferta continuou limitada em agosto. “Para assegurar a matéria-prima, diminuir a ociosidade não planejada (que se traduz em custos) e manter seus shares de mercado, as indústrias continuam atuando com concorrência acirrada, o que impulsionou as cotações no mercado spot na primeira e segunda quinzenas de agosto.”

Fonte: Revista Globo Rural

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