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Dados de 2018 mostram que 95% dos desmatamentos foram ilegais em MT
06/08/2019 09:56 em Notícia

No ano passado houve recuo de 10% na área desmatada e maior concentração nas grandes propriedades rurais

O desmatamento registrado em Mato Grosso entre agosto de 2107 a julho de 2018 recuou 10% para 998 km², mas um dado alarmante é que 95% da área foi desmatada de forma ilegal, pois ocorreu sem autorização do órgão ambiental. As informações são de um estudo elaborado pela organização não governamental Instituto Centro Vida (ICV).

Segundo a organização, dos 360 mil km² de área original do Cerrado em Mato Grosso, quase metade (45%) já foi desmatada.

De acordo com a análise das características do desmatamento realizada pelo Instituto Centro de Vida, cerca de um terço de todo desmatamento no Cerrado mato-grossense ocorreu em imóveis rurais cadastrados e em áreas contínuas de mais de 50 hectares, “ou seja, facilmente detectáveis via imagens de satélite”.

Alice Thuault, diretora adjunta do ICV, disse que “é urgente que o Poder Público tome medidas sérias para conter a ilegalidade. Há medidas possíveis, aliando tecnologia e inteligência para focar a fiscalização nas áreas críticas”.

A análise realizada pelo ICV mostra que os polígonos de desmatamento com mais de 50 hectares respondem por 71% do total. “A comparação com o período anterior indica uma tendência de aumento das grandes derrubadas – foram 10% a mais de ocorrências em grandes polígonos.”

O cruzamento com os dados do CAR mostra uma predominância do desmatamento em imóveis rurais cadastrados, quase 63%, sendo que mais da metade ocorreu em grandes imóveis, com mais de 1.500 hectares. Os projetos de assentamentos da reforma agrária concentraram 12% do total desmatado. Nas áreas protegidas, que englobam unidades de conservação e terras indígenas, apenas 2%.

“Em comparação com a Amazônia, o Cerrado tem um nível de proteção menor pela lei. Se os acordos setoriais das cadeias que compram commodities não incluírem esse bioma, as taxas de desmatamentos continuarão sendo elevadas”, reflete Ana Paula Valdiones, uma das autoras do estudo.

O estudo também aponta para uma tendência de concentração nas regiões do Araguaia e no Centro Sul do estado. Metade do Cerrado que desapareceu em 2018 estava em apenas 15 municípios, sendo Paranatinga o primeiro do ranking.

As análises foram feitas cruzando os dados de desmatamento no Cerrado fornecidos pelo Inpe (PRODES) com informações disponíveis no Portal da Transparência Ambiental da SEMA, de Mato Grosso e do Cadastro Ambiental Rural.

Fonte: Revista Globo Rural

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