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Em dez anos, Bahia vai aumentar produção de soja em 36% e em 40% a de milho
06/08/2019 09:40 em Notícia

Ano 2029. O agronegócio está a todo vapor, e a Bahia terá consolidado um destaque ainda maior na produção nacional de alimentos.

Daqui a 10 anos os agricultores do estado estarão produzindo 40,9% a mais de milho do que em 2019. Serão cerca de dois milhões e trezentas mil toneladas do cereal por safra. Com essa marca, os agricultores baianos terão registrado o maior percentual de crescimento de milharais do País em dez anos. Os produtores rurais de soja da Bahia também não ficarão para trás. Eles devem colher em 2029 quase 7 milhões de toneladas só de soja, cerca de 36,1% a mais do que em 2019.

Muito mais do que um exercício futurista, os dados fazem parte das Projeções do Agronegócio, um relatório divulgado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária com base em dados fornecidos por vários órgãos nacionais, com a análise de técnicos do ministério e da Embrapa.

O estudo indica que a agropecuária da Bahia vai registrar um crescimento anual geral de até 3% entre as safras de 2018/2019 e a de 2028/2029. A trajetória colocará a Bahia ainda mais em evidência na oferta de alimentos.

Os dados apontam que o estado vai se manter como maior produtor de banana do País, respondendo por 15% da produção nacional. Também são projetadas elevações de 40,7% na produção da uva; de 32,5% de melão; e de 16,9% de manga. Atualmente os cultivos dessas frutas se concentram no Vale do São Francisco, no Vale do Jequiriça, no extremo sul, na região de Bom Jesus da Lapa e no nordeste da Bahia. Os principais mercados das frutas são os Países Baixos, os Estados Unidos, Reino Unido e Espanha.

 Matopiba

Pujante e em expansão. O estudo dedica um capítulo especial sobre a região do Matopiba, que reúne parte dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. A parte baiana representa cerca de 18,06% dessa área.

Segundo o levantamento de longo prazo, a produção geral de grãos na última fronteira agrícola do País deve crescer 28,6% nos próximos dez anos, apesar da área plantada se expandir em apenas 14,9%.

Entre 2018 e 2028, a estimativa é de que o aumento na produção agrícola em alguns municípios baianos seja maior do que a média nacional. Os agricultores de Luís Eduardo Magalhães vão passar a produzir 57% a mais de soja, o maior crescimento do País.

Em Formosa do Rio Preto as lavouras devem crescer 30% nos próximos 10 anos e, em Correntina, cerca de 24%. O Matopiba é a única área do País onde a agricultura ainda tem espaço para se expandir legalmente.

O Matopiba tem 90,94% da área ocupada pelo bioma Cerrado, cerca de 7% por Floresta Amazônica e 1,64% pela Caatinga. Um dos desafios da região é harmonizar as questões agrárias e ambientais. Nos quatro estados, o Matopiba abrange 337 municípios, 42 unidades de conservação, 35 terras indígenas, 36 territórios quilombolas e mais de mil assentamentos de reforma agrária.

Algodão

De olho no mercado externo, os cotonicultores do Oeste da Bahia também vão aumentar em 20,5% a produção de algodão nos próximos dez anos. As exportações do setor devem crescer 43,4% nesse período. O crescimento deve chegar a 3,1% ao ano, um dos maiores do setor do agronegócio.

A Bahia é o segundo maior produtor do País e deve continuar respondendo por 22,1% da produção nacional. No oeste do estado o cultivo é mantido por 180 produtores rurais, que devem produzir este ano mais de 1 milhão e 300 mil toneladas de pluma e caroço de algodão.

De acordo com a Associação Baiana de Produtores de Algodão (Abapa), o bom desempenho é resultado de um conjunto de fatores como uso de tecnologia, aumento de produtividade, qualidade da fibra e capacidade de superação.

“Acreditamos que podemos alcançar as projeções e inclusive superar estes números. Temos solos que foram fertilizados nos últimos anos, clima propício com períodos regulares de chuva, disponibilidade de terra, a melhor produtividade em algodão não irrigado do planeta, e a segunda melhor qualidade de fibra do mundo”, avalia Júlio Cézar Busato, presidente da Abapa.

Nos últimos vinte anos, os produtores da região aumentaram a produtividade de 220 arrobas por hectare para 300 arrobas por hectare. Ano passado, a produção de algodão já foi a segunda maior da história, com 1,2 milhão de toneladas.

“O que pode limitar o nosso crescimento é o mercado, porque o consumo interno não está aumentando, e temos que conquistar novos compradores externos. Também servem de entrave o preço do algodão que hoje está em queda por causa da guerra comercial entre China e Estado Unidos, e os problemas de logística. Atualmente gastamos 90 dólares para colocar uma tonelada de algodão no navio. Nos Estados Unidos os produtores gastam 25 dólares, e na Austrália cerca de 18 dólares”, completa Busato.

Negativo

As projeções também trazem dados negativos. As lavouras de cacau devem registrar redução de pelo menos 8%, e a Bahia deve continuar sem pontuar de forma significativa em culturas como arroz e trigo.

A produção de laranja deve registrar expansão de apenas 0,5%. É que apesar do Brasil ter faturado, em 2018, cerca de 670 milhões de dólares com a exportação do suco de fruta para 75 países, nos últimos anos a cadeia produtiva tem enfrentado problemas. Além dos efeitos de pragas nos pomares, há restrições comerciais no mercado internacional e houve queda no consumo da fruta no País.

“Os fatos mais recentes da economia mundial e do mercado de sucos e bebidas de frutas, além do perigo de doenças nos pomares de São Paulo, mostram que os tempos de expansão se foram“, diz o relatório.

Não há dados regionais, mas a pesquisa aponta ainda que nos próximos dez anos deve haver uma expansão de 24,6% na produção de carne bovina; de 28,2% de suínos e de 28,6% de frangos. O consumo dessas carnes deve crescer em média 23,7% no País.

Números nacionais

O embarque de grãos vai registrar um incremento de 40% nos próximos dez anos no Brasil. Devem sair do País 39 milhões de toneladas a mais em relação a 2019. Em todo o País, o crescimento nos embarques de manga deve chegar a 61%, e devem ser exportadas 54% mais maçãs.

O volume exportado de açúcar deve aumentar de 18 para 24 milhões de toneladas, e o de café, deve subir das atuais 35 milhões de sacas para 41,2 milhões de sacas até 2019.

Apenas 35,55 da produção de soja ficará no mercado interno, e cerca de 35% do milho serão enviados para fora do País. Quase metade do café produzido no Brasil irá para consumidores estrangeiros. A tendência é de aumento da pressão sobre os preços das carnes.

“Haverá uma dupla pressão sobre o aumento da produção nacional, devido ao crescimento do mercado interno e das exportações do País. As carnes deverão ter uma forte importância no crescimento”, relatam os pesquisadores.

Outro setor que se consolidará como promissor é o de produtos florestais. A produção de celulose vai crescer 31,4% até 2029, e a de papel deve aumentar em 18,8% durante o mesmo período.

Fonte: Matopiba Agro

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