Alguns agricultores estão com 40% da safra guardada na propriedade. Mesmo a produção já negociada está demorando para ser escoada

A comercialização da soja em  Mato Grosso está menor do que na média das últimas cinco safras. Segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), das 32,5 milhões de toneladas produzidas na temporada 2018/2019, cerca de 84% foram vendidas — para este período, o índice é de 88%.

Em um ano marcado por oscilações nos preços, os produtores estão segurando os grãos na esperança de valores maiores. “Há 15 dias, a saca estava a R$ 70. Hoje, está a R$ 65. Não sabemos se vai a R$ 70 ou R$ 75 daqui 15 dias. Estamos esperando para ver se surge um negócio melhor, para, além de garantir os custos dos insumos, ter um lucrinho”, explica o agricultor Giovani Fritz.

A capacidade de armazenamento na propriedade de Fritz é de 260 mil sacas, mas boa parte do espaço está cheio de soja. Segundo ele, 40% da safra ainda está guardada, e mesmo a produção vendida continua parada. “As tradings não carregam, porque não tem cota para mandar para o porto”, diz.

Isso tem uma consequência direta: não há lugar para o milho. “O nosso fica sendo represado dentro da lavoura, seguramos a colheita por não ter onde colocar”, lamenta Fritz.

A situação do produtor Rogério Berwager é parecida. Ele conta que conseguiu vender parte da produção a até R$ 71, mas aguarda uma oportunidade melhor, que ainda não veio. “Está sendo muito difícil vender com rentabilidade. Sem ela, vamos à falência”, diz.

Fonte: Canal Rural