UNIAGRO
Protestos em rodovias afetam indústrias de carnes e fluxo de soja aos portos
23/05/2018 11:13 em Notícia

SÃO PAULO (Reuters) - Os protestos realizados por caminhoneiros se espalham por praticamente todo o Brasil nesta terça-feira e começam a afetar as atividades da agropecuária nacional, com algumas indústrias suspendendo as operações e os estoques dos produtos nos portos de exportação encolhendo devido a interrupções no transporte.

Contrários à alta do diesel e a favor de redução da carga tributária sobre o combustível, caminhoneiros realizam bloqueios em 19 Estados nesta terça-feira, de acordo com dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF), com o movimento mantendo a força registrada na véspera.

Conforme a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que representa mais de 140 agroindústrias, "os bloqueios impedem o transporte de aves e suínos vivos, ração e cargas refrigeradas destinadas ao abastecimento das gôndolas no Brasil ou para exportações".

"Já temos relatos de unidades produtoras com turnos de abate suspenso. Contratos de exportação poderão ser perdidos e há um forte aumento de custos logísticos com reprogramação de embarque de cargas. Os prejuízos para o setor produtivo e para o país são incalculáveis", afirmou a ABPA, em nota.

Com relação aos grãos, o gerente de economia da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Daniel Amaral, disse que, por ora, os protestos "ainda não afetaram o embarque e o esmagamento (de soja) de maneira generalizada, mas há uma fábrica no Paraná que pode suspender o processamento". Ele preferiu não dizer o nome da empresa.

"Estamos preocupados, mas ainda não houve problema para o abastecimento interno...", disse ele.

Ele ressaltou, contudo, que o fluxo do produto para os portos foi reduzido.

"Queremos uma resolução o mais rápido possível para voltar a exportar, pois estamos com a maior safra de soja da história", acrescentou, referindo-se à produção recorde da oleaginosa neste ano --o Brasil é o maior exportador mundial da commodity.

Lucas Trindade, assistente-executivo da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), alertou que "a paralisação dos motoristas e os bloqueios de rodovias já impactam o fluxo de caminhões e o recebimento dessas cargas pelos terminais em alguns portos".

"De qualquer forma, ainda não temos informação acerca de atraso nos embarques decorrente da falta de carga nos terminais portuários, situação que pode ocorrer caso o fluxo de caminhões não seja restabelecido imediatamente."

Um atenuante da situação é o fato de que parte das cargas agrícolas para exportação chega por ferrovia.

MOVIMENTAÇÃO NOS PORTOS

As assessorias de imprensa dos portos de Paranaguá (PR) e Santos (SP), os principais canais de exportação da safra agrícola do Brasil, explicaram à Reuters que há manifestações nas entradas de ambos os terminais, mas muitos caminhões nem estão se dirigindo aos locais em razão dos protestos.

Em Paranaguá, por exemplo, apenas 300 caminhões deram entrada na segunda-feira, contra cerca de 2 mil normalmente nesta época do ano, enquanto em Santos o movimento também está reduzido.

Em virtude dos estoques, contudo, as operações de carga e descarga dos navios transcorrem normalmente nesses locais.

DIESEL EM ALTA

O presidente da Petrobras, Pedro Parente, teve reunião nesta manhã com o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, para dialogar sobre a alta dos combustíveis.

Desde que a petroleira passou a reajustar quase que diariamente os preços dos combustíveis, seguindo o mercado internacional e o câmbio, o diesel acumula alta de quase 50 por cento nas refinarias.

Mais cedo, contudo, a petroleira comunicou que reduzirá tanto os valores do diesel quanto os da gasolina nas refinarias a partir de quarta-feira.

Parente negou que haja interferência do governo na política de formação de preços da Petrobras, algo que foi reiterado por Guardia.

Segundo Parente, a redução anunciada nesta quarta-feira ocorreu pela variação do câmbio.

A greve dos caminhoneiros acontece enquanto entidades que representam os donos de postos também apelam por mudanças tributárias, afirmando que a política de preços da Petrobras está causando prejuízos ao setor.

A última vez que os caminhoneiros promoveram protestos em âmbito nacional foi no início de 2015, quando exigiram redução de custos com combustível, pedágios e tabelamento de fretes.

Fonte: Noticias Agricolas

COMENTÁRIOS
Comentário enviado com sucesso!